Arno Kunzler
O que é pedágio justo?
Apesar das discussões intensas contra a implantação de novas praças de pedágio, percebe-se claramente que as pessoas, de modo geral, apoiariam a implantação de um pedágio “justo”.
Percebe-se que a luta a favor ou contra o pedágio também tem a ver com quem está no governo e quem está na oposição.
Mas, no fundo, cada um de nós tem senso de razoabilidade, tem compreensão do que é ou não necessário para manter as estradas e construir obras novas.
O pedágio, talvez, seja a discussão mais complexa, mais irracional e mais desgastante para quem quer ou precisa implantá-lo.
Me propus a fazer esta reflexão para tentar entender essa discussão e contribuir para uma evolução, se é que existe evolução num processo de implantação de pedágio.
O que não queremos e não podemos aceitar é um pedágio injusto, com preços inaceitáveis e sem obras, como foram os 20 anos passados.
E o que não parece ser interessante é termos pedágio apenas para manutenção, sem melhorias e obras novas nos próximos 30 anos, o que não faz nenhum sentido.
Então, se for para ter pedágio, se pedágio é a única forma de ter estradas conservadas e obras novas, é preciso discutir e encontrar o que é preço justo.
Se for para ter pedágio é preciso discutir o pacote de obras que queremos para os próximos 30 anos.
Num primeiro olhar podemos até evitar as praças, se os governantes ouvirem nossas críticas, nossos protestos e entenderem a mobilização do Oeste do Paraná.
Mas será a solução para o futuro das nossas estradas?
Certamente cada um de nós, no seu íntimo, tem sua resposta e a maioria provavelmente não coincide com as demais, mesmo que estejamos juntos contra o pedágio.
Estamos diante de uma encruzilhada. O governo está diante de uma encruzilhada.
Parece que os próximos passos dessa luta, depois de impactar o governo e seu intento, seja mesmo abrir o debate para o que queremos?
Ser contra o pedágio pode ser uma importante e necessária bandeira momentânea, mas haverá um segundo momento que exige mais do que ser contra; exige compreender o que queremos.
Se de fato não queremos pedágio e aceitamos o que vier, ótimo.
Se tivermos planos para o futuro que envolvem duplicações de novas estradas e melhorias nas já existentes, temos que ampliar nosso olhar.
Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos