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Arno Kunzler

O que vejo e sinto x o que ouço

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Nunca estudei com profundidade assuntos econômicos, razão pela qual não me julgo em condições de opinar sobre economia global.

O que sempre fiz, e profissionalmente me obrigo a fazer, é acompanhar os fatos e acontecimentos da minha cidade e da região.

Inserido neste contexto, como observador, empresário e jornalista, tenho percepções, vejo e sinto como anda a nossa economia, o otimismo dos empresários, o nível de emprego e os negócios.

E posso afirmar que não vejo e nem sinto por aqui, na nossa economia regional, o que ouço dos nossos dirigentes e analistas econômicos.

A percepção por aqui é que vivemos um momento de desorganização de preços, empresários sem mercadoria e sem referência de preços.

Os aumentos não estão mais limitados ao arroz, como era 90 dias atrás.

O dólar aumentou, a soja e o milho aumentaram.

Com eles aumentaram imediatamente os preços dos derivados de carne e leite, as máquinas e os insumos agrícolas.

Não obstante iniciou processo de majoração de preços no setor de autopeças e agora mais recentemente no setor de construção civil.

Em alguns casos não são reajustes de 10%, o que já seria muito para uma economia estável; os aumentos chegam a 50%.

Na quarta-feira (28) o Banco Central optou por manter os juros a 2% ao ano.

Ao mesmo tempo, os índices de inflação oficial indicam que estamos em absoluta normalidade, dentro da meta prevista.

Mas, na maioria das lojas, desde roupas a eletrodomésticos, produtos em falta não têm reposição.

A promessa é de reposição dentro de alguns meses, na maioria dos casos.

A alegação é que as indústrias demitiram durante a pandemia e agora não conseguem produzir para atender o consumo. Tomara.

Mas com o dólar, soja e milho nesse patamar, é pouco provável que a reposição seja com os preços antigos.

O meu temor é que, passada a eleição, teremos medidas econômicas para frear e corrigir os rumos da economia.

Se não houver uma correção de rumo, podemos estar vivendo a véspera de um período de instabilidade econômica.

Definitivamente o que percebo, o que sinto ao falar com as pessoas por aqui, e vejo estar acontecendo, não é o que ouço dos analistas econômicos, inclusive do governo.

 

Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos

arno@opresente.com.br

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