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Tarcísio Vanderlinde

O sonho de André Rebouças

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André Rebouças (1838-1898) tem o nome associado à construção da ferrovia que liga Curitiba a Paranaguá, inaugurada em 1885. À época, foi considerada uma das obras mais ousadas da engenharia mundial. A obra ainda chama atenção de quem viaja pela ferrovia nos dias atuais.

Rebouças ainda empresta o nome a um município paranaense. Na cidade do Rio de Janeiro há um túnel com o nome de Rebouças. O engenheiro tem seu nome também ligado à história da Capital imperial. Contudo, não foi apenas como um brilhante engenheiro que Rebouças se destacou. Se identificou ainda como abolicionista e um dos primeiros ambientalistas brasileiros.

O destaque como ambientalista aparece nos textos publicados pelo professor Mauro José Ferreira Cury, da Unioeste, e na dissertação de mestrado defendida pela sua orientada, a piauiense Rita de Cássia Pereira de Carvalho. É aí que Rebouças entra na história ambiental do Oeste do Paraná, ao se descortinar sua obra publicada em 1876: “Excursão ao Salto de Guaíra”,

O livro o coloca como um conservacionista pioneiro ao propor a criação de parques nacionais no Brasil, motivado pela criação do Parque Nacional de Yellowstone, nos Estados Unidos, no ano de 1872. Rebouças era conservacionista super antenado. Decorrente da expedição ao Salto de Guaíra, e do impacto gerado pela mesma, Rebouças sugeriu a criação de parques marcados pelo Salto de Iguaçu e das Sete Quedas no Rio Paraná. Ainda sugeriu a criação de um parque na Ilha do Bananal localizado no Rio Araguaia.

Há cerca de 140 anos, a proposta de criação de parques traria um benefício inquestionável para as populações locais, servindo como estímulo à promoção da conservação ambiental e atração de turistas. A iniciativa provocaria a consolidação da imagem de um país com atrativos devido ao seu potencial natural. Além de estimular o turismo, Rebouças reconhecia o valor intrínseco da natureza relacionado à preservação com vistas a manter o patrimônio natural para as futuras gerações.

“A geração atual não pode fazer melhor doação às gerações vindouras do que preservar intactas, livres do ferro e do fogo, as duas mais belas ilhas: a do Araguaia e do Paraná. Daqui a centenas de anos poderão nossos descendentes ir ver dois espécimes do Brasil, tal qual Deus o criou; e encontrar reunidos, no Norte e no Sul, os mais belos espécimes de uma fauna variadíssima e, principalmente, de uma flora que não tem rival no mundo”.

Ao término da primeira centena de anos da visita de Rebouças, as Sete Quedas já estariam tragadas pelas próprias águas que as mantiveram vivas por milênios. Estamos há 36 anos sem elas. Decidiu-se que o Lago de Itaipu seria mais importante.

 

O autor é professor da Unioeste

tarcisiovanderlinde@gmail.com

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