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Arno Kunzler

O tombo de João Doria

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Era questão de tempo para a candidatura de João Doria sucumbir por falta de apoio interno do PSDB e falta de intenção de votos, além de impressionante sobra de rejeição.

Doria subiu a escada até o último degrau e não se preocupou com a base, até ficar pendurado com o pincel nas mãos, como se diz na gíria política.

Apesar disso tudo, João Doria ainda era o candidato em campanha mais preparado para ocupar o espaço deixado pelos partidos que não estão alinhados nem com o PT, que tem Lula como pré-candidato, e nem com o PL, que tem Bolsonaro como pré-candidato.

Sem Sergio Moro e sem Doria, e com Eduardo Leite fora do páreo, porque o PSDB já está completamente comprometido ou com Lula ou com Bolsonaro, resta a candidatura de Simone Tebet, que potencialmente pode ser uma excelente candidata a vice, mas não a presidente, pelos mesmos motivos que Doria: não tem apoio interno da cúpula do MDB.

Os demais são apenas figurantes, exceto Ciro Gomes (PDT), que vai carregando uma esperança cada vez menos provável de levar a eleição para um segundo turno, não mais de chegar ele ao segundo turno.

A implosão da candidatura de João Doria não aconteceu agora, vem ocorrendo há meses e sangrando o PSDB até quase a morte.

O partido ficou órfão nas mãos de Doria e pela primeira vez, desde 1989, após a redemocratização e com eleições diretas, o PSDB não terá candidato a presidente.

A partir de agora, o PSDB se ausenta da lista dos partidos que sempre disputaram a presidência e possivelmente verá sua performance nacional reduzir a números jamais imagináveis para um partido tão sólido.

O que isso muda na disputa presidencial?

Vendo assim, a distância, nada.

Porém, olhando o cenário político mais profundamente, a retirada do PSDB da disputa diminui muito as chances de um segundo turno.

Eram votos relativamente firmes e fiéis que agora precisam procurar outras opções e essas opções dificilmente estarão nos partidos pequenos. Elas estão nos dois que polarizam a disputa.

Ciro Gomes ainda tem esperança de mudar isso, mas seu discurso ideologicamente se distancia dos eleitores do PSDB e do centro e principalmente da direita.

É bom lembrar que Ciro se elegeu prefeito e governador e foi ministro pelo PSDB, saiu para ser aliado de Lula e agora virou seu maior crítico.

As opções de uma terceira via com alguma chance já não existiam e agora diminuíram ainda mais.

 

Arno Kunzler é jornalista e fundador do Jornal O Presente, da Editora Amigos e da Editora Gralha Azul

arno@opresente.com.br

 

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