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Editorial

O vírus da politicagem

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A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, de anular as condenações do ex-presidente Lula (PT) tomou a todos de surpresa nesta semana. Uma reviravolta política se aflorou no país. Com a decisão, Lula pode ser candidato nas eleições de 2022 e protagonizar, com Bolsonaro, a disputa pela cadeira do Executivo nacional.

Vale lembrar que a decisão jurídica não altera o fato de os crimes terem sido cometidos, julgados e Lula condenado. Destaca-se ainda que este editorial não tem o objetivo de discutir se a decisão é certa ou errada, legal ou não, moral ou não, mas sim mostrar o impacto que ela causa no Brasil.

Fato é que a campanha para as eleições à Presidência da República já começaram. E o primeiro impacto já se percebe. Com a política na pauta das autoridades, a campanha de vacinação, que já não é lá aquelas coisas, pode ser prejudicada, deixada em segundo plano, justamente no momento em que o país enfrenta um colapso no sistema de saúde e que medidas mais rígidas de proteção à saúde estão sendo implementadas em várias regiões.

Enquanto as articulações e rearticulações entre partidos começam a ser avaliadas e os bastidores de Brasília entram em erupção, o tema Covid-19 não terá a mesma relevância entre as lideranças eleitas para executar e legislar.

Por outro lado, por meio de seu discurso, Lula abraçou a vacina e pressionou o governo federal a se tornar mais íntimo da causa. Isso pode ser positivo para a população que aguarda vacinas. Quer queira, quer não, Lula ainda tem poder para influenciar massas. Ou seja: angariar votos. Isso porque a maioria da população brasileira defende a vacinação. Como todos sabem e podem observar, a postura do governo federal sempre foi mais cética.

A largada da campanha eleitoral veio no pior momento possível. Desviar o foco do que é extremamente urgente, que é o combate à Covid-19, a compra de vacinas e a vacinação das pessoas o mais rapidamente possível, é um risco que o brasileiro não precisava correr.

O Brasil enfrenta a maior crise sanitária de todos os tempos. Hoje o país é o centro epidêmico do mundo, batendo recordes lamentáveis todos os dias. Estão aumentando o número de mortos, de infectados, estão acabando os leitos nos hospitais e unidades de saúde. Pacientes estão morrendo nas filas e pessoas estão morrendo em casa, sem nenhum atendimento. A vacinação vem aos pingados e parte da população não colabora com regras que podem salvar vidas: distanciamento social, uso de máscara e álcool gel nas mãos.

Que os governantes brasileiros possam ser sensíveis à pandemia, ajudar empresários em dificuldades, evitar a perda de empregos, mas especialmente tirar o Brasil desse buraco que se chama pico.

A economia e a saúde devem caminhar lado a lado. Mas a política… Essa, sim, deve ser deixada para depois. É o certo a se fazer, é o que as pessoas esperam, mas infelizmente o vírus perverso da politicagem não dá trégua.

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