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Elio Migliorança

OBSTRUIR É CRIME

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A recente manifestação dos caminhoneiros reivindicando melhores condições de trabalho provocou a ira de cabeças coroadas da República e foi com o título deste artigo que a presidente da República reagiu na tentativa de intimidar os manifestantes. Além de dizer que obstruir é crime, acrescentou que interditar estradas, comprometer a economia popular provocando o desabastecimento de alimentos e combustíveis são todos componentes de crime. Também reagiu de forma arrogante o ministro da Justiça, dizendo que determinou à Polícia Rodoviária Federal a liberação das rodovias interditadas e a aplicação de pesadas multas aos caminhoneiros que fecharem as estradas. Foi além o senhor ministro, dizendo que o movimento é político e sem nenhuma reivindicação para ser negociada com o governo.

O ministro deve passar parte do seu tempo em outro planeta e não sabe da situação falimentar em que vivem os caminhoneiros do Brasil. Todos os brasileiros de bom senso, ao descobrirem o desvio bilionário praticado pela quadrilha governamental que assaltou a Petrobras, sabem que se o roubo não tivesse sido tão grande, nosso combustível poderia custar 30% menos do que o valor atual. Temos o combustível mais caro do mundo e grande parte deste custo é de impostos que financiam o caixa do governo, caixa furado pela má gestão dos governos Lula e Dilma. Mas o que chama nossa atenção é o autoritarismo com que a presidente e o seu ministro da Justiça investiram contra os caminhoneiros, uma classe sofrida, trabalhadora, que vê seus custos aumentarem ao ponto de não conseguirem honrar seus compromissos e que possuem a importante missão de transportar a economia brasileira sobre rodas.

Enquanto isso, do outro lado da estrada do trabalho, temos um outro grupo que atende pelo nome de Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), os quais bloqueiam estradas, invadem propriedades privadas, destroem o patrimônio alheio e contra os quais o ministro da Justiça e a presidente da República jamais levantaram a voz ou determinaram que as forças policiais garantissem aos demais o direito de ir e vir. Em viagem pelo Rio Grande do Sul na semana que passou, descobri que os índios bloquearam três rodovias gaúchas, e contra este bloqueio o senhor ministro não utilizou a força policial, nem a presidente Dilma fez qualquer referência aos índios ou às badernas promovidas pelo MST pelo Brasil afora.

Enquanto temos um governo federal que é valente contra os caminhoneiros, mas conivente com invasores, também temos um governador que não cumpre mandados judiciais de reintegração de posse das áreas invadidas, para as quais a justiça já decretou a ilegalidade da invasão e determinou a devolução da propriedade aos seus legítimos donos. É a situação que estamos vivendo, as pessoas de bem precisam lutar na justiça para garantir sua propriedade e aí se defrontam com um governo omisso, que faz “corpo mole” diante de uma ordem judicial.

Enquanto escrevo este artigo, o mundo reage indignado ao massacre em Paris que vitimou 132 pessoas. Alguém sabe que o número de assassinatos no Brasil é em média de 160 pessoas por dia? Nós temos um atentado francês explodindo por aqui diariamente, uma guerra na porta de casa e não nos damos conta disso.

 

* O autor é professor em Nova Santa Rosa

miglioranza@opcaonet.com.br

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