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Dom João Carlos Seneme

Olhai a figueira com seus ramos verdes e repleta de brotos novos

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Estamos chegando ao fim do ano litúrgico e neste domingo (14) lemos a última passagem do Evangelho de São Marcos. O texto é apresentado através de um gênero literário chamado “Apocalipse”, que significa “revelação”, ou seja, indica a necessidade de tirar o véu para compreender o mundo, os acontecimentos e a história.

As páginas da liturgia deste domingo não querem assustar ninguém, nem mesmo falar do futuro, nem anunciar uma catástrofe final. A intenção é animar a comunidade diante das dificuldades e inseguranças. Por isso, trata-se de uma boa notícia: todos são chamados a acolher a boa nova e convertê-la em ação de graças.

No evangelho, Jesus recomenda aos seus discípulos que aprendam a ler nas entrelinhas da história: aprendam, pois, da figueira esta parábola: quando seus ramos ficam verdes e as folhas começam a brotar, sabeis que o verão está perto.  Assim também vós…

O capítulo 13 de Marcos, de onde vem esta recomendação de aprendizado, é pontuado por cenários de destruição e evoca as imagens clássicas da literatura apocalíptica: o sol escurecendo, a lua que não brilha mais à noite e as estrelas em queda…

O que significa, então, a parábola da figueira: seus ramos verdes, as folhas que começam a brotar?

Ela indica um renascimento, uma vida nova que nasce através do dom da vida de Jesus. “Juízo” final e condenação não fazem parte do ser de Deus. Ele deseja a transformação da história, o seu renascimento, o seu caminho na direção da plenitude.

A Jerusalém celeste é o destino final, onde a humanidade inteira será acolhida e encontrará morada na presença do Senhor. A figueira com seus ramos verdes e brotando é um pequeno sinal de vida e esperança diante das tribulações e dificuldades. Porém, é um sinal de esperança que os fiéis são chamados a reconhecer para despertar do desânimo.

É neste contexto que deve ser entendida a vinda do Filho do Homem: um evento repleto de esperança para os leitores do evangelista Marcos e para todos os fiéis de hoje. Todos nós vivemos na expectativa de sua vinda. Mas o que isso significa? Viver na expectativa não é apenas uma projeção para o futuro, mas antes de tudo um convite a viver o presente a partir da meta. As imagens da figueira que brota e da mulher prestes a dar à luz nos colocam no presente onde somos responsáveis em proteger a vida até o encontro definitivo com Deus.

A futura intervenção de Deus coloca o mundo em nossas mãos. Somos chamados a colaborar no projeto de uma nova vida. Deus pede nossa colaboração para vencer o mal.

Neste domingo a Igreja celebra o 5º Dia Mundial dos Pobres. É mais uma oportunidade para alargar nosso olhar e prestar atenção aos que sofrem e estender nossa mão para amenizar seu sofrimento.

 

O autor é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

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