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Elio Migliorança

PAGANDO O PREÇO

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Professores e alunos no Estado do Paraná estão parados temporariamente. Não chamaremos isso de férias porque todas as aulas perdidas neste período de 03 a 09 de agosto serão dadas em outro momento. Assustados com o avanço da gripe A, erroneamente batizada de gripe suína, nos questionamos sobre a fragilidade do ser humano diante de um vírus aparentemente inofensivo, pois ninguém tinha maiores cuidados quando contraía uma gripe. E também não prestávamos atenção nas estatísticas de mortes provocadas por doenças dela derivadas. Tudo começa a fazer sentido. O progresso introduziu em escala crescente a química nos alimentos e isso foi provocando consequências no organismo humano, fazendo surgirem doenças antes nunca vistas.
Mesmo com o progresso da Medicina aumentando a expectativa de vida, há um número crescente de doentes e a saúde pública não está conseguindo dar conta do atendimento a todos. Antigamente a exposição ao sol a qualquer hora era agradável, não trazia maiores consequências, no máximo produzia um bronzeado forçado dependendo do horário. Agora, além do calor insuportável na maioria dos horários, provoca câncer de pele muitas vezes mortal. Os herbicidas e inseticidas usados indiscriminadamente no passado ressurgem nas pessoas através de doenças assustadoras e mortais. Nossa região é um grande fornecedor de pacientes aos hospitais de câncer do Estado. A hipertensão atinge proporções de epidemia. As pessoas tornam-se dependentes de medicamentos cada vez mais cedo. A depressão avança e já contabilizamos inúmeros casos de depressão infantil. Estamos pagando o preço do progresso. Incorporamos muito conforto, isso tem um custo, por isso precisamos trabalhar cada vez mais para manter o padrão de vida que cada um estabeleceu para sua família. Vemos coisas acontecendo, ficamos indignados com a bandalheira, achamos que não vale a pena reagir e isso talvez nos cause um mal maior, que é o da frustração. Talvez aí resida o maior problema.
Se reagirmos de forma barulhenta contra a injustiça, contra a mentira e as falcatruas dos políticos, se voltarmos as costas para o discurso de certos políticos e para a exploração de empresários inescrupulosos, nos sentiremos mais aliviados e menos estressados. Além disso, é necessário trabalhar nossa cabeça para não ficarmos ansiosos demais com o futuro, nem remoendo o passado. Estou aprendendo que se eu fizer o possível no presente, o futuro vai acontecer. Com ou sem a minha angústia, o tempo não vai mudar seu curso e a chuva virá no tempo que o ciclo da natureza determinar.
Ter consciência clara de que o tempo passa – não podemos ficar ligados demais a coisas e lugares. A vida é um eterno ciclo de despedidas. Despedimo-nos de pessoas, empregos e lugares. Ter consciência disso ajuda a aceitar mais facilmente os acontecimentos e a sofrer menos com eles. Neste sentido será proveitoso observar os animais. Eles não têm preocupação com o dia de amanhã. Ao contrário de nós, que estamos mais preocupados com o futuro do que em viver o presente.

* O autor é professor em Nova Santa Rosa
miglioranza@opcaonet.com.br

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