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Editorial

Pão-de-ló e chibatada

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A aprovação da reforma da Previdência é de extrema importância para o Brasil, mas a forma com que o governo federal está impondo as mudanças nas regras mostra uma política imatura, irresponsável e vergonhosa. Em busca de votos para conseguir avançar na Câmara dos Deputados, o presidente Michel Temer e seus aliados estão distribuindo dinheiro e cargos a quem for fiel à proposta e retaliando aqueles contrários. Agora, partidos da base governista estão dispostos a não aceitar qualquer deputado considerado infiel às causas governistas na janela para a mudança de sigla partidária no ano que vem.

A punição previamente anunciada a deputados que são contra a reforma da Previdência da maneira como está é sinal claro de um governo autoritário, que fere os princípios básicos da democracia, impondo suas vontades em troca de benesses ou disparando chicotadas. É o tipo de relação desprezada pelo povo brasileiro, quase que como o ditado da mão que lava a outra, sem levar em conta os princípios sociais e econômicos que permeiam o tema, sem prestar a atenção devida à revolução que tal reforma causará para o Brasil e para os trabalhadores brasileiros.

Esse tipo de atitude desprezível de governar não é exclusividade do atual governo. Luiz Inácio e Dilma também retaliavam os opositores e beneficiavam aqueles alinhados com as vontades do Planalto. Como cães em busca de comida, deputados se vendem para conseguir dinheiro e despejar em suas bases eleitorais, às vésperas de mais um pleito eleitoral. Esse tipo de política é de causar asco.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, se mostrou entusiasmado para votar a reforma já na próxima semana. Depois de jantares nesse fim de semana com membros de partidos aliados da base governista, está confiante na vitória do governo. No entanto, a semana será de muito trabalho aos caciques dos partidos, que terão que convencer suas bancadas a votar a favor da reforma, a favor do déspota Michel Temer. Vai ser uma semana de muita argumentação e convencimento nos corredores de Brasília.

Com a popularidade pelos calcanhares entre os eleitores brasileiros, mas com a bola toda para pelo menos 325 deputados federais, segundo os cálculos do próprio governo, Michel Temer pode conseguir a tão desejada aprovação da reforma da Previdência, que pretende diminuir a distância entre trabalhadores do público e do privado e reforçar o caixa surrado do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Seria uma vitória importante para encerrar 2017 com algo concreto realizado e iniciar o seu último ano à frente do Palácio do Planalto com uma agenda mais positiva.

Para conseguir o que quer, no entanto, o governo federal trabalha basicamente subornando seus parceiros e massacrando os contrários, punindo assim o bom emprego do dinheiro público e as necessidades reais do país. Pão-de-ló e chibatada. As moedas de troca estão à mesa. Mais uma vez o Brasil mostra que seus políticos são frágeis e irresponsáveis, incapazes de tomar suas próprias decisões com base na realidade que reformas e leis precisam ter para que sejam criadas.

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