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Elio Migliorança

PARA A GERAÇÃO 30 ANOS

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Quando os brasileiros do futuro olharem o passado verão que em 15 de março de 2015 milhões de pessoas com as cores da bandeira foram às ruas protestar contra os pecados da corrupção, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, evasão de divisas, nepotismo e outros cometidos pelos governantes e que estão sufocando os brasileiros. Entre os milhões de manifestantes muitos estão na faixa dos 30 anos. São os nascidos na década de 80. Os jovens recentes olham para os jovens antigos que estão na faixa dos 50 a 60 anos e perguntam: onde estão as raízes dos males de que somos vítimas hoje? Quando foi plantado o que estamos colhendo agora? Este artigo foi escrito para responder a esta e outras questões, e para alertar sobre um novo golpe em gestação.

O plantio começou na década de 1980, quando se discutia a elaboração de uma nova Constituição para o Brasil. A ideia de uma nova Constituição era ótima. O erro foi como isso foi feito. Falava-se em uma “constituinte exclusiva”, mas poucos entendiam o que isso significava e por isso a ideia não prosperou. Assim a nova Constituição foi escrita por deputados e senadores, o que equivale a colocar a raposa para cuidar do galinheiro. Ao elaborar a nova Constituição, deputados e senadores estabeleceram deveres e obrigações para os demais brasileiros e reservaram para si direitos e poderes quase sobrenaturais. Fixam os próprios salários, autorizam suas despesas e mordomias, nomeiam assessores às centenas, possuem planos de saúde sem limites para si e familiares, criaram a “imunidade parlamentar”, que acabou se transformando em “impunidade parlamentar”, que já serviu para acobertar acusados dos mais diversos crimes, não esquecendo do “foro privilegiado”, que lhes dá o direito de serem julgados pelo Supremo Tribunal Federal. Com tal poder de barganha, presidentes e governadores que souberem fazer o jogo parlamentar podem “pintar e bordar” sem medo de serem alcançados pela lei. Além dos próprios poderes, deputados e senadores concederam poderes imperiais ao presidente da República. Podem nomear nulidades para cargos que exigem notório saber, bem como nomear desqualificados morais para cargos que exigem conduta ilibada. É por este e outros motivos que o pacote anticorrupção recém-enviado ao Congresso pela presidente Dilma é uma piada de mau gosto. Enquanto o ministro da Justiça trabalha para salvar o couro dos empresários presos na Operação Lava Jato, Dilma tenta enganar a população com medidas de efeito prático igual a zero. Para acabar com a corrupção, basta dar apoio à ação da Polícia Federal, Ministério Público e Justiça Federal, pois delas fazem parte pessoas qualificadas que estão lá por mérito, pois passaram em concurso público.

Senhores jovens manifestantes da faixa dos 30 anos: nós que éramos jovens na década de 1980 devemos pedir-lhes desculpas pela nossa incompetência e omissão naquela data, pois não tivemos a coragem de sair às ruas e exigir que a Constituição fosse feita não pelos políticos e sim por pessoas e entidades que estabelecessem direitos e deveres iguais para todos. Nossa covardia de então, aliada ao mau caráter dos governantes de hoje, criou toda esta situação, é por isso que agora estamos juntos para tentar salvar o Brasil para os jovens do futuro.

 

* O autor é professor em Nova Santa Rosa

 

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