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Silvana Nardello Nasihgil

Para sermos par, primeiro precisamos ser inteiros

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Domingo é o dia da semana que mais penso. O tempo livre convida às reflexões daquilo que a semana traz como movimento e aprendizado.

Como sempre, passeio nas redes sociais e vou observando os comportamentos. Não para julgá-los, mas para compreendê-los melhor.

Diante de tantas coisas, não é difícil perceber como muitas pessoas têm necessidade de buscar um par, como consideram que a felicidade verdadeira só será possível se encontrarem alguém para dividir a vida. Raros são os que sozinhos se sentem completos e partilham momentos de felicidade e paz.

Os maiores sorrisos e declarações de plenitude são daqueles que têm um par para chamar de seu.

Não que seja errado ser e estar feliz quando se tem parceria, cumplicidade e o amor de alguém. Isso é perfeito, mas também é perfeito estar só, se amar ao ponto de buscar pelas imensas possibilidades da vida, sentir a plenitude brotar nas pequenas coisas como um brinde à vida e ao direito de ser feliz.

Diante da vida, precisamos lembrar que para ser par, primeiro precisamos aprender a sermos inteiros, capazes de nutrir nossas carências, sem buscar no outro o que nos falta.

Para sermos par, precisamos estar resolvidos internamente, conhecer nossas necessidades e encontrar o equilíbrio. Não dá para ser par quando esperamos que o outro nos complete. Isso seria vivermos pela metade, sem usarmos nosso potencial e as nossas capacidades de vivermos suprindo espaços da nossa incompletude. 

É muita irresponsabilidade nossa e muita responsabilidade creditada ao outro quando cremos que só uma outra pessoa pode nos tornar completos. Se essa pessoa faltar ou nos deixar, o que sobrará de nós?

Pares são pessoas que ficam na nossa vida porque têm ganhos. Mesmo que não acreditemos nisso, essa é a verdade. Seja um ganho pela companhia, pela troca de afetos, ganho físico, sexual, material… sempre haverá um ganho para que alguém permaneça em nossa vida e para permanecermos na vida de alguém. São as trocas que sustentam os pares.

Diante desse processo todo, estar só e aprender a ser a sua companhia mais preciosa tem muitos ganhos. Você jamais acordará um dia sem o amor de alguém ou mesmo sendo “despejado” da vida de alguém. Quem aprende a ter o seu amor próprio como companhia nunca correrá o risco de estar só. Diante da experiência de se amar, o melhor de você sempre lhe fará companhia. Você terá você e você para acertar os detalhes da vida, para fazer mudanças, cobranças e adequações.

Essa auto companhia se faz necessária e nos prepara para reconhecermos a parceria certa quando o par chegar. Não podemos crer que sendo metade, e o outro metade também, possamos formar um inteiro. Isso só fará com que duas metades se juntem buscando um inteiro. O inteiro precisa encontrar outro inteiro para que haja uma parceria que tenha respeito, admiração, partilha e amor.

E se o par não chegar? Siga a vida. Alimente os dias com amor próprio, abuse das gentilezas, se permita criar laços, valorize a família e os amigos, dance, cante, se permita experimentar coisas novas, cozinhe, use os seus dons, descanse, faça exercício físico, sorria mais, ore mais… e relaxe!

A vida acontece lindamente para quem é mais leve, para quem vive as realidades, enfrentando, colocando cores, sons e sabores nos dias, para quem para de fantasiar e age e para quem entende que ser feliz vai além de ter alguém, porque a felicidade que buscamos precisa começar dentro de nós.

Sempre haverá quem queria o melhor de nós, se não for para formar par, será para nos fazer companhia na caminhada da vida.

Bora ser feliz! A vida tem urgência e nós também.

 

Silvana Nardello Nasihgil é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

silnn.adv@gmail.com

 

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