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Elio Migliorança

Pecados e virtudes

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Antes que a presidente Dilma Rousseff receba uma licença remunerada, durante a qual aguardará o veredicto final sobre o seu mandato, é necessário fazer justiça e reconhecer que durante seu governo existiram pecados, mas também virtudes. A primeira das virtudes a que me refiro foi confirmada pelo procurador da República Dr. Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato, o qual, ao ser perguntado durante uma entrevista num evento em São Paulo, se houve pressão por parte do governo para interferir nas investigações, respondeu que durante os governos Lula e Dilma houve plena liberdade para investigar, mas que nos governos anteriores, leia-se Fernando Henrique Cardoso e Itamar Franco, havia, sim, pressão e tentativas de interferência nas investigações da época.

Se o Dr. Carlos afirmou isso, eu acredito e parabenizo o governo do PT pela liberdade que tiveram os órgãos de investigação. É do governo Dilma a lei que instituiu a delação premiada que tanto contribuiu nas investigações recentes. Outro ponto positivo a destacar é a expansão das escolas federais, tanto no Ensino Médio com a criação dos Institutos Federais de Educação e com a transformação do antigo Cefet em Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), a qual, além de elevada à condição de universidade, também passou por um processo de expansão com a criação de novas unidades em dezenas de cidades paranaenses. O Paraná, que durante muitos anos possuía apenas uma universidade federal, passou a contar com dezenas delas, colocando cursos técnicos e superiores ao alcance de milhares de jovens brasileiros.

O programa “Minha Casa Minha Vida” é, sem dúvida, um marco na política habitacional brasileira. Contudo, alguns pecados escureceram o brilho das virtudes e estamos caminhando para um desfecho nada glorioso para a senhora presidente da República. Ela pode até não aceitar, mas o grande golpe foi por ela aplicado aos brasileiros quando na campanha da reeleição pintou as cores do Brasil do futuro de tal forma que a maioria votou naquele projeto de Brasil, acreditando que viveríamos anos de prosperidade e segurança durante seu segundo mandato.

O processo eleitoral foi uma jogada pedagógica de esperança que, em curto espaço de tempo, revelou-se em frustração e raiva quando seus eleitores descobriram que o país estava quebrado e que ela passou a fazer tudo o que dizia que a oposição faria em caso de vitória. Some-se a isso a descoberta dos desvios bilionários que financiaram a campanha da reeleição e temos os ingredientes que incendiaram as ruas do Brasil nas manifestações. Caso ocorra o afastamento, é um aviso claro ao próximo presidente de que o povo não se deixa enganar facilmente.

Sabemos que Temer se beneficiou do mesmo esquema, pois os recursos financiaram a campanha da mesma chapa. Separar as contas da campanha de Temer e Dilma será uma afronta ao bom senso. O que todos queremos é que as investigações não parem e os envolvidos sejam exemplarmente punidos, até encontrarmos alguém com moral para nos fazer acreditar num Brasil melhor para todos.

Se o novo presidente, ao invés de cortar gastos e extinguir ministérios, vier com a conversa de que a solução é aumentar impostos, chegará ao final do mandato antes mesmo de tê-lo começado.

 

 

Professor em Nova Santa Rosa

 

miglioranza@opcaonet.com.br

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