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Arno Kunzler

Pedágio – sim ou não?

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Os motoristas brasileiros ainda estão revoltados com os preços do pedágio que lhes é cobrado em alguns trechos, notadamente aqueles cujos contratos de concessões foram feitos na década de 90.

Haviam alguns fatores que contribuíram para elevar os preços dos pedágios, como menor fluxo de veículos e serviços a serem executados.

Estamos nos aproximando do vencimento dos contratos dos pedágios no Anel de Integração, pedagiado pelo então governador Jaime Lerner, cujos contratos temos enormes dúvidas sobre sua lisura.

Já disse o governador Ratinho Junior que levará a proposta de novas concessões para leilão na Bolsa de Valores em São Paulo, onde os interessados deverão dar seus lances.

Não que leilão seja a garantia de que teremos contratos justos e serviços de boa qualidade, mas a modalidade sugere bem mais transparência do que os contratos feitos na década de 90 pelo então governo Lerner.

Mas apesar dessa desconfiança e desse sentimento que carregamos de termos sido literalmente “roubados” pelos nossos governantes e do conluio com as operadoras de pedágio, não devemos desacreditar nesse modelo de manutenção de rodovias.

É bem mais garantido termos boas rodovias se elas forem pedagiadas, disso não temos dúvida.

É obvio que nenhum cidadão que tem carro gostaria de pagar mais essa taxa para trafegar pelas estradas, mas convenhamos, só quem conheceu essas rodovias nas décadas anteriores ao pedágio sabe o que representou isso.

A despeito dos valores cobrados serem exorbitantes e as obras que eram para ser feitas terem sido negadas, quem transita pelas estradas do Paraná e outros Estados também percebe quanto mais seguras e confortáveis são as pedagiadas.

Logo, quando concluírem a BR-163 entre Guaíra e a divisa com Santa Catarina, nós deveríamos pedir que fosse pedagiada.

Lógico, não nesse modelo que foi feito na década de 90 pelo governador Lerner, mas através de um processo transparente e que seja do interesse do Estado e do cidadão.

O mesmo deveríamos solicitar em relação à rodovia que liga Marechal Cândido Rondon a São Miguel do Iguaçu.

Passamos décadas esperando que os governos façam uma manutenção adequada e durante todo esse tempo temos que andar por uma rodovia vergonhosamente ruim, cheia de buracos, de lombadas, mal sinalizada e acessos que são um perigo constante.

Se existe mesmo a possibilidade do governo fazer uma restauração com a construção de vários trevos e melhorias no acostamento, talvez seja o momento de pensar num projeto de manutenção da rodovia.

E aí, convenhamos, os governos são péssimos gestores de rodovias secundárias, politicamente pouco interessantes.

Os governos costumam resolver as suas demandas à base da pressão, e esse trajeto, por não ser uma rodovia de escoamento de safra especificamente, por ter uma característica mais de apoio ao turismo, talvez devesse ser entregue para a iniciativa privada.

É um tema polêmico, mas importante e se quisermos ter uma rodovia de boa qualidade, temos que pagar o preço.

Se analisarmos friamente, não pelo dinheiro que pagamos pelo pedágio, mas pela segurança do nosso patrimônio que são os veículos e as nossas vidas, talvez então cheguemos a outra conclusão.

 

Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos da Natureza

arno@opresente.com.br

 

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