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Editorial

Pessoas cansam, o vírus não

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A luta contra a Covid-19 tem sido uma batalha dura, exaustiva, extensa, angustiante. Infelizmente e lamentavelmente, mais de 175 mil pessoas já morreram e outras milhões passaram por inúmeras dificuldades que a doença traz consigo.

O uso das máscaras, o álcool gel, a higiene das mãos, o distanciamento social e o isolamento em casa passaram a fazer parte do cotidiano das pessoas logo no início da pandemia, entre março e abril. Naquele tempo, que parece tão distante, as pessoas se assustavam com 20 ou 30 mortes a mais por dia. Médicos e enfermeiros, lixeiros e policiais, atendentes de mercados eram ovacionados pela opinião pública. Naquele tempo, as pessoas deixavam as roupas fora de casa com medo de levar o vírus carregado nos sapatos e blusas. Naquele tempo, as ruas ficaram vazias.

Passados meses de luta, as mortes começaram a diminuir, o número de novos casos diários também. Hospitais de campanha começaram a ser desativados, dando sinal, naquela hora, que o Brasil estava vencendo o vírus.

Mas o tempo foi passando e, com ele, as pessoas começaram a se acostumar com o vírus. As notícias das mortes já não chocavam mais. Muitos ambientes lotaram, as praias, as festas, as crianças com os amigos na rua, tudo parecia estar voltando ao normal com a tal chamada curva em declínio. Ledo engano.

Esse vírus, traiçoeiro, esperava pelo relaxamento para atacar com força. Hoje, no Brasil e no mundo, governos estão se mobilizando para o que pode ser o pico da doença. Hospitais estão superlotados, as UTIs já não dão conta de atender todos que precisam de assistência especializada. Na Europa, países já enfrentam o segundo lockdown. Passados nove meses do início da pandemia no Brasil, profissionais de saúde estão exaustos, física e mentalmente.

A situação do Paraná é crítica, assim como em outros Estados. O toque de recolher implantado esta semana pode ser só a primeira de uma série de medidas que podem ser impostas para tentar conter essa nova onda de infecções. Em Marechal Cândido Rondon, o número de casos ativos nunca foi tão alto.

As pessoas cansaram do vírus, mas o vírus não se cansou. Ele continua sua guerra enquanto vê a sociedade desanimada para lutar. Sem piedade, ele ataca os cansados do isolamento, os cansados da máscara, os cansados de não abraçar o amigo.

Por mais que as vacinas comecem a ser distribuídas ao redor do mundo, o que traz esperança em dias melhores, é bem provável que boa parte dos brasileiros não vai ter acesso a ela, nem amanhã, nem daqui dois ou três meses. Enquanto a vacina não vem, as vítimas vão se multiplicando.

Para piorar, estão se aproximando as festas de fim de ano, momento em que as famílias se reúnem para celebrar. Também nessa época boa parte dos trabalhadores estão de férias, cansados do ano exaustivo e loucos por um passeio. Certamente os reflexos serão sentidos ao longo dos primeiros dias, semanas ou meses de 2021.

Portanto, fique em casa, não participe de aglomerações, mantenha-se firme na luta, mesmo que isso seja tedioso, enjoativo, cansativo e irritante, pois a guerra está longe do fim.

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