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Dom João Carlos Seneme

Põe o teu aqui e olha as minhas mãos. Meu Senhor e meu Deus!

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Estamos celebrando o tempo alegre da Páscoa. Serão 50 dias, do Domingo da Ressurreição ao Domingo de Pentecostes, que deverão ser celebrados com alegria e exultação como se se tratasse de um só e único dia, como um “grande dia do Senhor”.

Neste segundo domingo do tempo pascal, as leituras aprofundam o tema da ressurreição. Este acontecimento produziu efeitos transformadores na primeira comunidade dos discípulos em Jerusalém. O medo dá lugar à coragem, a tristeza à alegria. Desta experiência pascal nasce a comunidade onde todos tinham os mesmos sentimentos. É ali que recebem o envio, a paz e a força do Espírito para o perdão dos pecados: “A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, também eu vos envio. Recebei o Espírito Santo! A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados”.

A fé é a resposta definitiva ao anúncio do mistério pascal. O evangelho foi escrito “para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome”. Crer não é um dos múltiplos aspectos da vida cristã, mas é a atitude fundamental da qual tudo depende.

Os discípulos estão reunidos; é noite. Estão em uma casa com as portas trancadas, por medo dos judeus. Jesus apresenta-se no meio deles e os saúda com a paz. O dom do Ressuscitado é a paz, shalom. A consequência é o envio para anunciar a todos que o Senhor está vivo. A promessa é que eles não estarão sozinhos: “Eis que estarei convosco todos os dias”.

Esta experiência continua viva até hoje, por isso nossa Igreja continua em pé, vivendo cada dia mais, procurando revelar o amor de Deus ao mundo de hoje. Aquela mesma assembleia de discípulos reunida oito dias depois da Páscoa continua na assembleia dominical em que celebramos o mistério pascal de Jesus: ouvimos sua palavra, comungamos do seu corpo e do seu sangue e somos enviados em missão. Cada domingo a assembleia dos homens e mulheres que partilham a fé no Ressuscitado se torna uma comunidade nova, recriada no sopro do Espírito Santo.

Aparece o apóstolo Tomé. Ele tem dificuldade em aceitar a ressurreição porque seus sentimentos estão ainda na Sexta-feira Santa. Em sua mente estão os pregos cravados no corpo de Jesus, o lado de Jesus perfurado pela lança. Ele ainda sofre com a morte de Jesus. É preciso olhar para frente e experimentar a ressurreição. Os estigmas estão ainda no corpo de Jesus, porém agora são sinais da vitória de Deus sobre o pecado e a morte. Tomé precisa abrir-se ao mistério e sair de si para encontrar o Cristo Ressuscitado.

Tomé representa as gerações de todos os que acreditam mesmo sem ter conhecido Jesus pessoalmente. Aqueles que ouviram o anúncio pascal e acreditaram e fazem parte do da comunidade, corpo de Cristo, através do batismo e buscam aprofundar sua fé diariamente. “Bem-aventurados os que creem sem terem visto”.

Hoje a Igreja celebra a festa da Divina Misericórdia, instituída por São João Paulo II e que nos recorda e suscita também na humanidade novas relações de fraterna solidariedade. “Cristo nos recordou que a humanidade não somente recebe e experimenta a misericórdia de Deus, mas também é chamada a ‘praticar a misericórdia’ para com os outros: bem-aventurados os misericordiosos, porque encontrarão misericórdia (Mt 5,7)” (papa Francisco).

 

O autor é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

 

 

 

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