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Editorial

Política que só atrapalha

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Tudo virou política partidária no Brasil. Nas coisas que antes eram comuns na vida das pessoas, como a cor da camiseta, em instituições antes insossas para boa parte da população, como a Seleção Brasileira de futebol, no próprio jornalismo, tudo tem consigo um discurso carregado de política. E não a boa política, mas a política polarizada que não contribui em nada para o Brasil, pelo contrário.

Nos últimos dias, Neymar virou Neymarx, o goleiro Alisson virou Stalisson e o técnico Tite virou Petite nas redes sociais. Bastou a Seleção Brasileira titubear de participar da Copa América para que os jogadores e a comissão técnica fossem taxados de comunistas. Bastou Bolsonaro dar o aval para a realização da competição que aqueles que não concordam com ela, pelo momento da pandemia no Brasil, são esquerdistas.

Mais intrigante ainda é saber que muitas dessas pessoas mal sabem do que estão falando. Só estão indo atrás de discursos prontos, de informação de péssima qualidade, recheando as redes sociais com desinformação, fake news e ódio de uns pelos outros.

A sociedade está perdendo um tempo precioso na luta contra o coronavírus e pela recuperação econômica do país. O Brasil precisa de unidade, mas está rachado, dividido, caminhando para lados opostos enquanto precisaria ter um norte. E o pior, criando polêmicas imbecis, discutindo baboseiras, usando tempo e energia para promover a discórdia e difamar quem pensa diferente.

Enquanto isso, as unidades de terapia intensiva (UTIs) estão lotadas no Oeste do Paraná. As filas de pacientes esperando por leitos de enfermaria ou UTI só crescem. Em alguns Estados da federação, doentes, mais uma vez, começam a ser transferidos para outras regiões pela falta de vagas. A vacinação ainda é muito lenta, as novas cepas que circulam no Brasil e no mundo deixam cientistas em alerta.

No campo da economia, são quase 15 milhões de desempregados. Milhares de empresas fecharam as portas, outras tantas fecharão em breve. A educação teve um declínio nesse quase um ano e meio de pandemia. Os alunos estão aprendendo menos, e isso terá impactos incalculáveis a médio e longo prazos.

Isso sem falar nas quase meio milhão de vítimas fatais que perderam a vida por complicações da Covid-19 desde o início da pandemia.

Esses, sim, são problemas reais, que precisam de debate, de política séria, para que as soluções sejam apresentadas com rapidez e eficiência. É nesse tipo de problemas que as pessoas, públicas ou não, autoridades ou não, precisam depositar suas energias, seu conhecimento. Mas tudo é polemizado. Chega a ser infantil.

Até as próximas eleições o Brasil vai sofrer muito com essa polarização que ultrapassou o campo político e se fundiu ao dia a dia de todos e todas. O bolsonarismo cego e o lulopetismo só atrapalham. Aliás, qualquer extremismo atrapalha.

Que as pessoas, especialmente as autoridades, tenham bom senso e usem seus esforços em decisões úteis, que realmente sanem os problemas do país, e deixem de lado as birras, marras e os discursos vazios.

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