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Arno Kunzler

Ponto de convergência

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O Brasil precisa buscar um ponto de convergência, uma pauta comum entre direita e esquerda, entre os que defendem Lula e os que defendem Bolsonaro.

Mas, além da pauta, é preciso convocar os brasileiros a deixar de lado as paixões e vestir a camisa da razão.

O movimento de domingo (26), ou manifestação a favor de Bolsonaro, como queiram, e o protesto de semanas atrás contra os cortes da educação ou contra Bolsonaro, movidos por movimentos antagônicos, no fundo têm a mesma razão: falta de dinheiro por causa dos excessivos gastos do governo, o que gera falta de recursos para impulsionar o desenvolvimento.

Uma coisa é totalmente parecida com a outra, mas, sob a ótica dos movimentos, parece completamente diferente.

É nisso que precisamos nos envolver, fazer as pessoas verem que os governos não podem e não são sustentáveis gastando sistematicamente mais do que arrecadam.

E não podem constantemente aumentar os impostos para suprir os gastos descontrolados.

Logo, precisamos, em primeiro lugar, encontrar uma maneira de cortar os gastos para enquadrar o orçamento dentro de uma realidade, que parece ser desconhecida para a maioria das pessoas, especialmente alguns governos.

Em segundo lugar, precisamos ser mais competentes para que o governo não estrangule alguns setores e deixe outros (empresas e empresários) eternamente sonegando suas contribuições.

Feito isso, vamos encontrar a saída.

A saída está no Produto Interno Bruto (PIB), que precisa voltar a crescer.

E como fazer o PIB crescer?

Estimulando o setor produtivo com investimentos e sinalizando as obras de infraestrutura imprescindíveis para o crescimento (juros módicos ou até subsidiados) e prazos longos.

Esses estímulos aumentam a produção e geram renda e impostos.

Com mais renda, com mais produtos competitivos no mercado, as famílias passam a consumir mais e ainda sobra muito mais para exportação.

Logo, a economia sai da estagnação para crescimento, aumentando a oferta de empregos e melhorando os salários.

Isso parece que todos querem, independente de partido e de ser governo ou oposição.

Ou alguém não deseja?

Se não entendermos isso, não vamos encontrar um ponto de convergência entre os que apoiam Lula ou Bolsonaro e nem uma imensa parte de brasileiros que não deseja nenhum dos dois.

Sem convergência, sem diálogo, sem disputas saudáveis no voto, por convicção e não por pressão ou outros motivos, não vamos encontrar caminho para o desenvolvimento econômico do país.

Simples, mas por enquanto os interesses políticos, partidários e as corporações estão acima dos interesses do país.

Podemos fazer movimentos de protesto, podemos ir para as ruas, fechar o Congresso ou o Supremo Tribunal Federal (STF) como alguns desavisados querem, mas a solução está num plano maior e depende de diálogo, de acordos republicanos, inclusive de concessões de quem já está vivendo com privilégios…

Precisamos entender que o problema do Brasil não está na Globo, no STF, no Congresso ou no Ministério Público, nas universidades públicas e nas polícias.

O problema está na forma como essas instituições se relacionam e, em muitos casos, como se locupletam para garantir vantagens.

 

Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos da Natureza

arno@opresente.com.br

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