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Dom João Carlos Seneme

Por causa do evangelho eu faço tudo!

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As leituras deste domingo (07) apresentam o escândalo da dor e o desejo de vida que nascem propriamente onde se experimenta a fragilidade e miséria da vida humana. Tanto a leitura do livro de Jó como o evangelho que narra a cura da sogra de Pedro e a humanidade sofrida que se reúne ao redor de Jesus na porta da cidade revelam uma das verdades mais difíceis do ser humano: a presença da dor e o desejo de libertar-se dela.

Jesus se aproxima da humanidade que sofre como Jó, que, diante do mistério da dor e sofrimento, percebe em Deus alguém com quem ele pode gritar o próprio desejo de vida; alguém com quem se pode chorar, manifestar sua raiva, sonhar.

No evangelho, Jesus se encontra na casa de Pedro e se depara com a sogra dele de cama por causa da febre. Jesus revela o seu poder sobre o mal tanto na sinagoga de Cafarnaum e agora em um contexto familiar. Ele quer combater tudo o que faz o ser humano sofrer, inclusive a doença.

O fato de estar acamada indica um estado que impedia a mulher de realizar suas tarefas domésticas. Jesus se faz próximo do sofrimento da mulher e, com um simples gesto, a cura, restituindo-lhe a vida e a retomadas de suas atividades. “Jesus se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a se levantar. A febre desapareceu; e ela começou a servi-los”. A mulher passa da escravidão da doença ao serviço dos outros.

Jesus testemunha que Deus quer o ser humano em plenitude e seu poder no mundo não quer fazer a humanidade sofrer, mas quer torná-la forte, restituindo sua dignidade. Neste sentido, Jesus revela o rosto de um Deus bondoso, que não criou a humanidade para o fracasso e sofrimento, mas para a vida.

Um outro aspecto é a solidariedade de Deus com a humanidade que sofre. A dor é um mal, o milagre de Jesus não o elimina, mas dá a conhecer um mundo novo, onde o homem sofredor se dá conta de que Deus está do seu lado.

O mistério do sofrimento e da dor é iluminado pela oração: “De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar em um lugar deserto”. Para Jesus a solidão é o momento de ficar com o Pai para reforçar sua missão de levar a humanidade ferida à salvação eterna.

Como seguidores de Jesus devemos levar o amor de Deus aos necessitados de hoje. Temos que sair de nossa zona de conforto e ir ao encontro das pessoas feridas. Todo cristão deve ser como Jesus, um coração que vê onde se precisa de amor e age de acordo.

As dores dos outros tornam-se nossas. A caridade cristã é a resposta à necessidade imediata de quem sofre: dar de comer a quem tem fome, vestir os que estão nus, visitar os doentes e os presos. Esta é nossa manifestação de fé: levar a boa nova da salvação a todos.

 

O autor é bispo da Diocese de Toledo

revistacristorei@diocesetoledo.org

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