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Editorial

Pouca ação, muita reação

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As projeções para o crescimento da economia brasileira caíram pela 14ª vez consecutiva em 2019 e agora se aproximam de mísero 1%. Para ser mais exato (até o momento), 1,13%. Nesse ritmo, especialistas acreditam que o Brasil possa levar até sete anos para voltar ao PIB (Produto Interno Bruto) que se tinha em 2014, antes da crise econômica se instalar no país. Muito desse pessimismo está relacionado com a falta de investimentos em vários setores importantes da economia e com o desemprego que atinge 13,2 milhões de trabalhadores. Sem emprego, há menos dinheiro circulando, menos consumo, menos crescimento.

Mas tudo que o Brasil está experimentando tem relação direta e inequívoca com a política que o governo federal tem praticado nesses cinco meses. A condução para a aprovação das reformas que o Brasil precisa, notadamente a da Previdência, tem sido cheia de imperícias, gerando confusão no meio político e, por consequência e reação, marasmo no campo dos negócios.

O Congresso Nacional, por sua vez, também não tem contribuído para agilizar a votação dessas pautas de suma importância para o país. Pelo contrário, só tem dificultado e atrasado tais pautas pelo velho interesse pessoal ou partidário ao qual deputados e senadores estão atrelados. Ninguém vota porque o Brasil precisa, mas sim pelo que cada um pode receber em troca, seja um cargo, uma emenda, etc.

Até quando esse cenário vai perdurar ainda é incerto, certo mesmo é que a cada dia que passa, a cada novo imbróglio protagonizado por governistas, esquerdistas e o chamado centrão, o Brasil patina. As projeções cada vez mais pessimistas afastam ainda mais o interesse de investidores, sejam daqui ou de fora, pequenos, médios, grandes. Até a agricultura, que historicamente tem sido fundamental para alavancar o PIB, não tem tido o desempenho esperado.

O problema é bem maior do que apenas a dificuldade de voltar a crescer. O Brasil tem concorrentes diretos no mercado internacional que estão navegando em águas mais tranquilas. A Índia e vários países asiáticos, por exemplo, estão registrando crescimento em suas economias de três, quatro, cinco vezes mais que o Brasil. Pior que crescer pouco é crescer pouco num cenário que todos crescem mais que você.

O Brasil é o maior exportador de frango do mundo. No entanto, nos últimos anos o volume embarcado está estagnado, mesmo com o consumo mundial crescendo. Enquanto isso, plantas industriais surgindo no meio do deserto começam a abater dois milhões de aves por dia. Se o Brasil não está tomando esse novo mercado do frango para si, é sinal da falta de investimento.

Competência e competitividade não faltam ao brasileiro; falta é investimento para crescer.

Nem investimento no frango nem em lugar algum acontecerão sem o Brasil político tomar um rumo. Os governantes precisam ter mais responsabilidade, pois o que eles fazem, ou deixam de fazer, está afetando a vida de todos os outros 200 milhões. É pouca ação e muita reação.

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