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Elio Migliorança

PREJUÍZO IMENSURÁVEL

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Mesmo no século XXI, com toda a tecnologia disponível, com satélites e instrumentos de precisão cirúrgica, ainda existem coisas que não podem ser medidas. Uma delas é o resultado do ensinamento de um professor. As provas e demais mecanismos de avaliação existentes no sistema educacional são insuficientes para quantificar em valores do sistema métrico decimal a importância e o valor do aprendizado de um aluno. Há alunos que sofrem para conseguir a média e serem aprovados, mas na vida revelam-se empresários de sucesso, com trajetórias profissionais invejáveis. Outros, porém, conseguem obter notas altas, mas encontram sérias dificuldades no exercício profissional. Fazer um balanço numa fábrica de salsichas é mais fácil do que quantificar o valor do aprendizado numa escola. Temos uma greve no Brasil que já atingiu assustadora porcentagem de 95% das universidades federais e o tema “final da Libertadores” ganha longe como tema mais debatido nos meios de comunicação em geral. Em poucos dias estaremos completando 60 dias de greve. Já imaginou se a greve fosse dos transportadores de combustível? Das empresas de telefonia ou dos bancos? Provavelmente o país estaria pegando fogo, o exército estaria de prontidão e teríamos decretado estado de emergência ou até de calamidade pública. Os políticos provavelmente diriam que seria um atentado à democracia e uma tentativa de desestabilizar o governo, e fariam apelos emocionados ao senso patriótico dos grevistas. Mas, insisto, como não é possível medir o resultado imediato do aprendizado, o comportamento de nossas autoridades é como se o assunto não lhe dissesse respeito. Não há um diálogo, não há negociações, o Ministro da Educação comporta-se como se o assunto fizesse parte de outra galáxia. 
Se fizermos uma retrospectiva dos últimos 30 anos teremos noção do quanto avançamos em termos de tecnologia e conhecimento. Melhoramento genético, comunicações, medicamentos, novos equipamentos agrícolas e industriais. Tudo é fruto da produção intelectual daqueles que estudaram e com novas descobertas fizeram acontecer o progresso. Os países que mais avançaram em tecnologia e desenvolvimento foram os que mais investiram em educação. Por aqui somos generosos em conceder aumento salarial para o Poder Judiciário porque o Executivo e o Legislativo possuem seus vencimentos atrelados àqueles. Criam-se novos cargos com uma facilidade impressionante e até oferecemos bilhões de dólares para ajudar a resolver a crise na Europa. Europeus que ao longo dos séculos nos esnobaram e gastaram o que não podiam. Embora a arrecadação viva batendo novos recordes, não temos dinheiro para criar um sistema de ensino que nos garanta o futuro. A greve causa um prejuízo incalculável para centenas de milhares de alunos. E tanto o governo quanto a sociedade em geral assistem a isso passivamente como se o fato não tivesse importância. 
O Brasil “emburreceu” durante quase 60 dias e o que é estratégico por aqui é a Copa do Mundo e o jogo decisivo para conhecer o novo campeão da América. Começo a admirar o Paraguai. Lá caçariam o presidente por mau desempenho de suas funções.

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