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Arno Kunzler

Projeto turístico

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Há muitos anos, o Lago de Itaipu não oferece condições ideais para quem deseja fazer turismo.

Itaipu construiu o lago para gerar energia elétrica, esse é o caso, não para promover o turismo.

Ainda assim, como retribuição às terras inundadas, Itaipu se esforçou para que o lago pudesse ser aproveitado para duas importantes atividades econômicas: o pescado e o turismo.

Com o passar dos anos não conseguimos implementar a pesca comercial, que pelo menos agregasse mais valor do que era antes quando era o Rio Paraná, e muito menos conseguimos desenvolver um projeto turístico baseado no lago.

Foi investido muito dinheiro, primeiro por Itaipu e depois pelas prefeituras, mas o turismo não se tornou viável e atraente nem para os moradores da região.

Durante o governo de Jaime Lerner houve até uma tentativa de construir as bases náuticas, cuja ideia era maravilhosa, mas que na prática não conseguiu se desenvolver, ora por falta de recursos, ora por complicações ambientais e falta de interesse dos governos locais.

A falta de uma estratégia regional e integrada não permite que pontos isolados se tornem atrativos competitivos no turismo.

Ao mesmo tempo, discutimos durante décadas a questão da pesca e não desenvolvemos um projeto que fosse comercial, por falta de consenso dos técnicos e das autoridades, e nem atraímos pescadores amadores e esportivos que pudessem gerar um movimento turístico.

Estamos com o lago formado há 38 anos.

Quando foi formado, falou-se que serviria para abastecer o Paraná de pescados, tamanho era o potencial para produção de peixes, seja no próprio lago, seja em tanques-rede.

Com a oscilação do nível da água do lago praticamente todos os anos, justamente no período mais interessante para utilização das prainhas e do esporte e lazer, estamos praticamente na estaca zero.

Talvez seja o caso de repensar e começar um novo projeto turístico que não seja dependente do Lago de Itaipu.

Algo voltado à gastronomia, eventos culturais, piscinas e campings com estrutura privada que ofereçam conforto e qualidade no atendimento, atividades esportivas e, quando possível, aproveitar também o lago de Itaipu.

Se ficarmos nesse projeto como está, passaremos mais 38 anos esperando que o turismo aconteça e ele não vai acontecer sozinho.

Tudo bem que 2020 é um ano atípico para o turismo, mas, se quisermos mudar isso, precisamos investir em novas alternativas e sermos mais ousados.

Há quem diga que somos uma região agrícola e não temos vocação para o turismo, o que é absolutamente verdadeiro.

Mas o turismo pode se tornar uma importante atividade econômica em toda a região.

Sempre lembrando que o turismo é a indústria sem chaminé, portanto, deveria merecer maior atenção.

 

Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos

arno@opresente.com.br

 

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