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Editorial

Protagonistas na plateia

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Essa gangorra insana do comércio mundial está deixando o mundo todo de cabelo em pé. China e Estados Unidos protagonizam um dos embates mais calientes e preocupantes dos últimos anos, com taxações em cima de taxações que deram um nó nas exportações e importações do planeta. O restante das nações assiste a esse indigesto espetáculo de troca de farpas com receio, vantagens, perdas e medo.

O agronegócio brasileiro, no entanto, tem sido penalizado demasiadamente por conta das proteções de mercado feitas por outros países. Na prática, eles não conseguem produzir com a eficiência brasileira, com custos reduzidos, então, param de comprar daqui para proteger seus produtores. Na maioria das vezes essas barreiras comerciais são disfarçadas de barreiras sanitárias.

Assim acontece com quase tudo do agronegócio. O frango é a bola da vez. Perdeu espaço na União Europeia sob a suspeita de falta de garantias na inspeção. Logo o Brasil, maior exportador mundial dessa proteína, notoriamente um dos mais competentes e o único entre os maiores produtores do planeta que se mantém livre de Influenza Aviária. Com o falso argumento sanitário, impedem a avicultura brasileira de decolar.

O problema pode afetar diretamente a região Oeste do Paraná, maior produtora de frango do Brasil e onde estão alguns dos maiores frigoríficos do país. Em Marechal Cândido Rondon, onde a Copagril atua, o assunto inclusive deu espaço ao surgimento de especulações e notícias falsas.

Para a suinocultura brasileira a coisa não anda diferente. A Rússia, que até pouco tempo atrás era o maior importador de carne suína do Brasil, concede embargos atrás de embargos, numa bipolaridade que mascara o real sentido de suas ações, que é proteger seus produtores da violenta competitividade verde e amarela. O embargo russo à carne suína brasileira, operante desde novembro passado, deve estar com os dias contados. Em meados de maio, as exportações para aquele país devem ser restabelecidas.

A China tem sido a muleta da suinocultura neste ano. O gigante asiático aumentou suas compras consideravelmente, o que reduziu os impactos do embargo russo e tem ajudado a manter os preços no Brasil, mesmo que não sejam os ideais. Outros grandes compradores, como México e Coreia do Sul, estão na mira dos suinocultores brasileiros. Nesse cenário turbulento, ampliar o número de clientes é fundamental, seja para aves, suínos, leite, ovos, etc.

Não é possível saber onde tudo isso vai parar, quando a ressaca vai passar, mas para o Brasil é necessário estabelecer políticas de exportação mais equilibradas, favorecendo os grandes parceiros para não gerar grandes diferenças financeiras nessa via de mão dupla. O agronegócio brasileiro tem qualidade e penetrabilidade, mas só isso não vai resolver esse sobe e desce, embarga e desembarga, taxa e “destaxa”. É preciso aperfeiçoar a relação do Brasil com o mundo. Protagonistas não podem ficar na plateia.

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