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Silvana Nardello Nasihgil

Quais são as suas prioridades: as coisas ou as pessoas?

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O que é realmente urgente?

O que é realmente importante?

Ambas frases revelam uma verdade sobre a qual damos pouca importância. Nem sempre urgência e importância estão na mesma demanda. Muitas vezes, são situações antagônicas que precisam ser avaliadas com atenção no momento em que fazemos as nossas escolhas.

Vamos levando a vida, elegendo as nossas prioridades e nem sempre as escolhas que fazemos estão focadas nas respostas que buscamos. Muitas vezes, as urgências são as exigências que escolhemos para guiar as nossas vidas. Colocamos, muitas vezes, as coisas no lugar das pessoas e nos tornamos escravos daquilo que imaginamos não ser impossível protelar. E assim vamos perdendo as pessoas pelo caminho…

Enquanto tentamos manter sob controle os projetos físicos, o lado humano se dispersa e quem teria tudo para ficar vai desanimando até desistir de nos acompanhar.

Muitas escolhas nos levam a perder o foco da realidade e diante delas esquecemos o que realmente tem valor. Nessa confusão toda, muitas vezes deixamos para trás muito daquilo que importa, daquilo que realmente nos humaniza e que pode nos tornar fortes para enfrentarmos as dificuldades da vida.

Deixamos as pessoas pelas coisas, a companhia pelas horas no computador, a família pelo celular, os amigos pelo trabalho… jogamos a culpa na falta de tempo e vamos “rolando” a vida. Vamos vivendo e arrumando desculpas para justificar nossas atitudes, porque lidar com coisas, muitas vezes, exige menos do que lidar com pessoas.

Com o tempo esse comportamento se torna exigente e vai abstraindo aquilo que realmente importa. Quando tiramos a importância das pessoas nas nossas escolhas, valorando mais as coisas e passando as pessoas para segundo plano, as consequências podem ser desastrosas. Esse tipo de comportamento tem como respostas um grande potencial de afastar aqueles que realmente deveriam ser prioridade, podendo desenvolver como consequência a perda da energia e das esperanças, cansaço físico e mental, confusão emocional, solidão, carências, podendo gerar ansiedade, depressão e vários tipos de sofrimentos – emocional, psíquicos e até fisico. Sem a consciência da realidade, sem a atenção necessária para as escolhas que fazemos, nos encaminharemos para um processo de individualização que poderá nos trazer consequências desastrosas.

Diante daquilo que realmente importa e aquilo que elegemos como urgência, muitas vezes esquecemos que as pessoas especiais, aquelas próximas, que dividem a vida conosco, que se importam, que nos amam, que são presença, se não vistas, se não acolhidas, ouvidas e amadas, elas cansam. Esse cansaço tem grande potencial de gerar o afastamento… e elas vão embora. E, quando nos dermos conta, o espaço ao nosso lado estará vazio.

Todos desejamos ser amados. No fundo é o que cada um procura. Na certeza de sê-lo, muitas vezes se dá fôlego à vida, crendo na liberdade de usá-la ao “bel” prazer e muitos se permitem não incluir as pessoas em suas decisões.

Vive-se pelas coisas como se as pessoas uma vez inclusas na vida se eternizam, independente das nossas atitudes.

Então, é importante observarmos quais são as nossas prioridades: as coisas ou as pessoas? E diante disso escolher como viver.

Se as coisas forem mais importantes que as pessoas, é uma escolha possível. Então, é preciso abandonar os sentimentos e seguir pelas regras ditadas pela racionalização. Diante dessa escolha não dá para esperar que permaneçam aqueles aos quais não se dedicou a importância merecida, quem não se deu espaço no coração e na vida, quem se passa uma vida “despejando” quando só o que buscam em nós é um lugar para ser casa, para ser lar.

A escolha é nossa e a consequência dela também.

 

Silvana Nardello Nasihgil é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

silnn.adv@gmail.com

 

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