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Elio Migliorança

Quarenta anos

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Recordo-me como se fosse ontem, daquela tarde de quinta-feira, 29 de abril de 1976. Retornando de Maripá no fim da tarde, o professor Nelcio Appio e eu nos assustamos na entrada da vila quando nos deparamos com um foguetório que encobria as casas de fumaça, e uma carreata barulhenta desfilando pelas ruas ao som de centenas de buzinas. Paramos surpresos e perguntamos a alguém que eufórico nos informou que o presidente Ernesto Geisel havia assinado a emancipação política de Nova Santa Rosa. Era a realização de um sonho acalentado há muitos anos. Tinha sido uma longa batalha iniciada em 1969, quando foi realizado o plebiscito que aprovou a emancipação. A lei estadual criando o município veio em 1973 e a canetada final se concretizou naquele dia. Foram sete anos de luta após o plebiscito e naquele dia finalmente soltamos o grito da vitória ao nos tornarmos independentes.

No domingo, 1º de maio, houve uma grande festa em comemoração aos 40 anos de emancipação, com desfile escolar do qual participaram todas as escolas existentes no município. Mostraram no desfile as nossas conquistas ao longo destes 40 anos. A carreata daquele dia quando tínhamos duas avenidas e as demais ruas todas de terra com muita poeira pelas quais circulavam mais charretes e carroças do que automóveis deram lugar a uma cidade com ruas pavimentadas, belas avenidas, vistosas praças e uma infraestrutura que nos trazem o conforto e bem-estar que sempre sonhamos ter ao alcance da mão. Era o sonho daqueles que lutaram pela emancipação. Que um dia nossa vila fosse uma cidade. Sucessivas administrações insistiram na diversificação da produção. O homem e a mulher do campo responderam com uma produção que nos coloca entre os maiores produtores por hectare do Estado. Nosso parque industrial evoluiu a tal ponto que algumas das nossas empresas detêm mais de 50% do mercado nacional em seu ramo de atividade. Os jovens do passado que vinham a pé ou em carroceria de caminhão para a escola hoje vêm os alunos transportados por modernos ônibus que passam na porta das casas. Nossos acessos aos distritos e as vias de ligação com os municípios vizinhos todos asfaltados permitem acesso e transporte da produção de forma rápida e segura. A frota de veículos e máquinas da prefeitura possibilitam um atendimento de primeiro mundo tanto na saúde quanto na conservação de estradas e infraestrutura urbana. O que era sonho há 40 anos tornou-se realidade. Ficou a saudade e a gratidão àqueles que já se foram, mas ainda existem muitos que puderam testemunhar e usufruir do sonho que se tornou realidade.

Os mais antigos sabem que na década de 1980 o governo federal centralizou a arrecadação para depois distribui-la a Estados e municípios, usando isso como barganha política. Este é um tema que deveria ser debatido e, considerando que o cidadão mora no município, fazer agora o caminho inverso. A maior fatia da arrecadação ser destinada ao município e cada prefeito ser responsável pela solução dos problemas no seu município. Com uma fiscalização eficiente e mais próxima da comunidade, evitaríamos tanta corrupção e teríamos de fato uma vida digna para todos. Mas fazer o governo federal entender isso é a mesma coisa que tentar explicar a um chipanzé a teoria da relatividade.

 

 

Professor em Nova Santa Rosa

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