Fale com a gente

Elio Migliorança

Quase campeões

Publicado

em

Faltaram alguns pontinhos para que a gente fosse campeão, assim a gente ficou em 2º lugar, num campeonato no qual a gente gostaria de estar lá pelo 50º lugar. Estamos falando da fatura de energia elétrica.
O Brasil tem uma das contas de luz mais caras do mundo, ficando atrás apenas da Colômbia. Sim, nossos sofridos irmãos colombianos são os campeões. Há tantos penduricalhos na fatura de energia elétrica que todos sentimos no bolso as consequências desta insanidade que parece não ter fim e não ter cura.
Entra governo, sai governo e a criatividade para sugar o dinheiro da população parece não ter fim, consumindo grande parte da renda das famílias. Não sabemos tudo o que nos cobram, nem queremos pagar pela safadeza daqueles que utilizam a conta de luz para arrecadar mais.
Pagamos porque a vida é inviável sem energia elétrica. Para termos ideia do quanto somos explorados, de cada R$ 100, apenas R$ 53,50 são utilizados para a geração, transmissão e distribuição da energia elétrica. Os R$ 46,50 restantes são destinados a outros setores, onde alguns não têm nenhuma relação com a área energética, tais como políticas públicas, subsídios, impostos e ineficiências do setor.
Se alguém administra mal, o consumidor ajuda a pagar o prejuízo; surgiu uma crise, o consumidor que se dane e pague mais. Se o governo concede um incentivo para a irrigação, todos ajudam a pagar esta conta. As concessionárias de energia precisam ampliar seu sistema? Financiam um projeto e o consumidor vai ajudar a pagar este financiamento. São Pedro resolveu fechar as torneiras e a chuva se tornou escassa? O consumidor será chamado a colaborar, pagando um adicional na sua conta de luz, com a justificativa do maior custo da energia das usinas termoelétricas.
Mas quando o lucro das concessionárias é exorbitante nos tempos normais, o lucro não é dividido com os consumidores. Há uma sopa de letrinhas usadas para identificar os abusivos encargos cobrados na conta de luz, a maioria “nada a ver” com a energia que consumimos.
Entre tributos e encargos temos: PIS – Programa de Integração Social; Cofins – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social; SIP – Serviço de Iluminação Pública; ICMS – Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços; CCC – Conta de Consumo de Combustíveis; CDE – Conta de Desenvolvimento Energético; TFSEE – Taxa de Fiscalização de Serviços de Energia Elétrica; Proinfa – Programa de Incentivo a Fontes Alternativas; RGR – Reserva Global de Reversão; CFURH -Compensação Financeira pela Utilização de Recursos Hídricos; ESS – Encargos Financeiros do Sistema; ONS – Operador Nacional do Sistema; P&D/EE – Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência Energética; EER – Encargo de Energia de Reserva. Tá aí o mapa completo que explica, mas não justifica a sangria dos recursos que mensalmente desembolsamos.
Se você não entendeu quase nada das siglas apontadas acima, não fique deprimido. Isso foi feito exatamente para não ser entendido pela população, logo, você faz parte da maioria, ou seja, dos 99% que pagam e não sabem o que estão realmente pagando.
Verdadeiramente somos um povo abençoado por Deus pelos recursos naturais que o Brasil tem, mas somos amaldiçoados pelos governantes que elegemos. As eleições vêm aí, é bom saber e pensar nisso.

Elio Migliorança é empresário rural, professor aposentado e ex-prefeito de Nova Santa Rosa
miglioranza@opcaonet.com.br

Continue Lendo

Copyright © 2017 O Presente