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Editorial

Que maluquice

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Uma hora é só uma gripezinha. Na outra, parece mais sério do que se imagina. Um pouco depois, a culpa é da direita… ou da esquerda. No mesmo dia, o confinamento é fundamental, mas, pouco depois, é hora de pensar na economia e voltar à vida normal. A tempestade de informações que chegam nos jornais e nos smartphones têm deixado a sociedade sem saber o que fazer, para onde correr, se é que é preciso correr. Tem gente mudando de opinião a cada nova notícia. E não dá para julgar, porque todo mundo foi pego de surpresa nessa pandemia midiática que veio junto com o coronavírus. Que maluquice!

Esse sentimento de impotência ao não saber exatamente o que se deve ou não fazer tem deixado as pessoas e comunidades nervosas, angustiadas. Nas ruas, as poucas pessoas que passam sequer dizem bom dia, com caras fechadas, mascaradas, e olhar desconfiado. Já outros, trabalham como se nada estivesse acontecendo. Observe as obras civis.

A “guerra” tá instalada. Os que defendem a retomada da economia têm suas opiniões baseadas no caos econômico que vai virar o país se a maioria dos empreendimentos continuarem de portas fechadas. Os que defendem a manutenção do isolamento social querem que a saúde siga sendo o foco, pois não querem que o Brasil vire uma Itália, onde centenas de pessoas estão morrendo diariamente pelo coronavírus.

Uma série de fotos, vídeos, textos, depoimentos de todos os gostos e maus gostos para tudo e todos não para de correr as redes sociais. Nos celulares, são inúmeras mensagens de poucos em poucos minutos. A cabeça já não consegue mais processar tanta coisa.

Já nem sabemos em que acreditar ou de que lado ficar.

Se os cientistas e pesquisadores estão com dificuldades para saber o que exatamente o coronavírus é e o que ele pode causar, imagine a sociedade leiga e o turbilhão de informações que recebe a cada minuto. Nas mídias sociais, nos grupos de família, tem gente se desentendendo por causa da pandemia. Bolsonaro e o PT entram sempre na discussão. Comunismo, capitalismo, China, Estados Unidos. Fecha fábrica? Não fecha?

O vírus trouxe mais perguntas que respostas, mas a infodemia que veio com ele parece agravar ainda mais a situação. Depois das eleições presidenciais de 2018, o brasileiro mostrou que a polarização da sociedade, muito por conta da política, é mais real do que se imaginava no país do Carnaval, do bom humor e da hospitalidade. Os brasileiros aprenderam na política e estão se pós-graduando em polarização com a pandemia. Que sentimento estranho esse momento traz ao mundo. E quanta guerra de informação. Que maluquice! Deveria haver mais empatia.

Fato é que esse vírus assustou o mundo, que ainda não sabe bem ao certo como deve reagir, ou como agir. Nem as maiores e mais antigas civilizações do planeta sabem exatamente onde estão pisando. De teoria em teoria, o mundo vai se adaptando à realidade que ele mesmo criou. Nessa ciranda dançam mais de sete bilhões de pessoas, sem saber se é valsa ou rock n’ roll. Cada um do seu jeito, com suas próprias convicções adquiridas com as mais inimagináveis fontes. De repente, o teu vizinho virou infectologista ou economista. Sem querer, esse vírus bagunçou a cabeça das pessoas. Como diria Ney Matogrosso: “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”.

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