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Silvana Nardello Nasihgil

Que tipo de pais ou cuidadores estamos sendo?

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Ao comemorar o Dia das Crianças, só um pensamento me veio à mente: o que estamos permitindo que aconteça com o futuro que mora nelas?

Normalmente nos esquecemos que as crianças são responsabilidade dos adultos. Até que consigam tomar conta da própria vida, elas precisam ser cuidadas.

Amar, educar, acolher, ouvir e amar é muito diferente de parir e entregar a alguém para gerir e administrar uma vida de quem não sabe sequer por onde começar a caminhar.

Falo sobre isso porque sobram pais e cuidadores totalmente envolvidos consigo e despreocupados com as crianças. É muito abandono emocional, é muita falta de responsabilidade.

A impressão que dá é que para muita gente o nascimento já satisfez o seu desejo de ter um filho e daí em diante, vai como der.

Ter um filho vai muito além de ter um bebê para expor nas redes sociais. Um filho exige cuidado e dedicação, exige tempo de qualidade e disponibilidade de ser criança junto com ele e ser o adulto que dá amor e segurança.

É fazer concessões o tempo todo. Deixar, muitas vezes, de fazer o que se gostaria para acolher quem realmente precisa. É acompanhar as tarefas escolares mesmo que pareça algo fora do contexto. Se importar sobre sono e alimentação, ser colo, acolhida, embalar a vida e prestar atenção nas dificuldades. Comemorar as vitórias e vibrar com cada dificuldade vencida. Incentivar as novas descobertas, elogiar, dar força e segurança. Repreender quando necessário ensinando os caminhos certos, ser a mão que conduz.

Ser disponível para ensinar sobre tudo, ensinando postar as mãozinhas e desde muito pequeno agradecer a Deus.

Passou da hora de cada um se perguntar que tipo de pai ou cuidador está sendo, quanto está se comprometendo e o que realmente espera para o futuro dessa criança que está crescendo.

As dificuldades da vida têm colaborado para pais cada vez menos comprometidos e crianças cada vez mais abandonadas. É muito triste perceber que o futuro cobrará muito caro por esse “novo” jeito de ser pais, mães ou cuidadores.

Todos os dias a vida se renova e nunca é tarde para refletir e recomeçar.

Quem estiver sem rumo e enfrentando dificuldades na condução dos cuidados com as crianças, provavelmente precisa rever todo o contexto e talvez buscar um caminho novo, onde tudo pode ser diferente, onde o olhar se volte para os pequenos. Onde o colo tenha espaço para acolher, o celular seja deixado de lado para ouvir as demandas, os amigos não estarão em primeiro lugar, as festinhas, academia, trabalho, pedaladas, redes sociais… virão depois que o coração e a mente dos pequenos estiverem felizes e em paz.

Pode parecer desnecessário pensar sobre isso, mas eu garanto que não é! A criança de hoje poderá ser um adulto feliz e bem resolvido ou alguém com dificuldades de olhar para si e gerir a própria vida.

Quando soubermos que o futuro do adulto dependerá muito da criança que ele foi, entenderemos a necessidade de não perdermos o foco na construção desse ser humano.

 

Silvana Nardello Nasihgil é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

silnn.adv@gmail.com

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