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Dom João Carlos Seneme

Quem ama a Deus, ama também seu irmão

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Neste domingo (29), Jesus apresenta uma situação que desconcerta a todos. Um homem rico e um pobre mendigo que vivem próximos um do outro, mas estão separados por um abismo: a opulência do rico e a miséria extrema do pobre. Na narração, os dois personagens se contrastam entre si. O rico se veste com roupas finas e elegantes e faz festas esplêndidas todos os dias. O pobre, de outro lado, está cheio de feridas e sentado no chão à porta do rico. Estão próximos, mas não se conhecem. Um passa pela vida do outro invisível, sem se notarem e nem questionarem o porquê de tanta diversidade!
Não existe um juízo moral, mas Jesus simplesmente conta uma história que denuncia a realidade de seu tempo. Ele não fala em nenhum momento de exploração da parte do homem rico em relação ao pobre ou qualquer tipo de maltrato ou desprezo. A vida do rico é inteiramente desumana porque só lhe interessa o próprio bem-estar. Não consegue ver o que acontece ao seu redor; Lázaro vive à sua porta, mas é totalmente ignorado. O pecado reside na indiferença e não na riqueza.
A segunda parte da parábola retoma esta mesma ideia. Após a morte eles vão para lugares diferentes: Lázaro para junto de Abraão e o rico para o fogo eterno. O medo do homem rico é que a situação se perpetue nos seus irmãos, ou seja, continuem vivendo uma vida de riqueza, totalmente egoísta e sem comprometimento: cegos diante do pobre e diante da palavra de Deus. Este é o grande perigo da riqueza e também a principal lição da parábola. A necessidade de conversão é para todos os ricos que vivem somente para si e para aumentar cada vez mais a sua riqueza e o seu bem-estar, mas também para os pobres que têm coração e mentalidade de ricos indiferentes a tudo que o rodeia sem olhos para a injustiça que existe bem perto de cada um de nós.
Dureza, isolamento, incredulidade: eis as consequências do viver para o dinheiro. Basta olhar para os lados e verificar que muitos de nós vivem desta maneira. “A pessoa só tem um coração; se o coração se afeiçoa ao dinheiro, fecha-se ao outro”.
O ser humano tem a liberdade de construir sua própria eternidade. Como dizem alguns: “O céu começa aqui e continua na eternidade”. O modo como vivemos aqui e agora é um anúncio de como será na vida eterna. Podemos decidir por um caminho de vida em comunhão com Deus e os irmãos, ou o caminho do isolamento; cheio de bem-estar, mas com grandes possibilidades de infelicidade.
Deus nos acompanha em nossas escolhas, mas não interfere, nem manipula. Ele é Amor e nos criou livres, e é nessa mesma liberdade que correspondemos ao Seu amor. Deus está sempre presente, mas cabe a cada um de nós perceber sua presença nas mais variadas formas de vida e acolhê-Lo, colocando-nos ao Seu serviço como discípulos missionários.
Neste domingo celebramos o Dia Nacional da Bíblia. A palavra de Deus revela como a salvação foi acontecendo ao longo da história. É Deus cuidando com amor da Sua criação. Da nossa parte, cabe a atenção, a vigilância e colocar em prática o que ouvimos e vivemos na liturgia.

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