Quem é o Centrão?
O denominado Centrão da política brasileira é cada vez mais um movimento de deputados que se unem para barganhar os governantes de plantão, sejam do PT, MDB ou sem partido, como o de agora.
Não parece errado considerar que o Centrão é a pior espécie de grupo político. Não tem ideologia, não tem compromisso com partido que os elegeu, não tem compromisso com o país, não tem compromisso com a ética, só tem compromisso consigo mesmo e seus interesses obscuros.
Há muito tempo os governos atrelados ao Centrão têm dificuldades.
Não dificuldades para governar, mas dificuldade para se manter éticos e honestos.
O Centrão parece um pêndulo que puxa sempre para o lado onde tem dinheiro público em abundância para abastecer as insaciáveis contas de políticos corruptos.
E quando um governante precisa de deputados, ele sabe bem onde encontrá-los e também sabe a que preço eles se tornam fiéis.
Nos últimos dias vivemos intensas negociações no Congresso em busca de votos para a eleição do novo presidente da Câmara e do Senado.
O presidente Jair Bolsonaro, aconselhado pelos líderes na Casa (deputados do Centrão), entrou na disputa para alijar qualquer possibilidade de eleger um deputado ligado a Rodrigo Maia.
Uma disputa explícita, como há muito tempo não se vê, onde cargos e recursos públicos são moeda de troca.
Como a Câmara Federal está bem dividida, entre os que apoiam o candidato do presidente Bolsonaro e os que apoiam o candidato do presidente da Casa, Rodrigo Maia, o período que antecede a eleição é de um verdadeiro “vale tudo”.
Pobre Congresso, que está sendo submetido a mais uma batalha de desmoralização e exposição dos vícios e descaminhos percorridos pelos seus integrantes.
O nosso Parlamento precisa se regenerar para ser de fato a casa do povo, em cujos integrantes o povo pode confiar e de quem o povo pode se orgulhar.
Estamos longe disso e pelo jeito vamos nos distanciar mais ainda, especialmente se as barganhas surtirem o efeito desejado.
E a pior notícia para nós brasileiros, seja quem for o próximo presidente da Casa de Leis, é pouco provável que teremos as reformas prometidas colocadas em votação.
O Centrão gosta e se apega fácil às empresas públicas com bastante dinheiro, não a projetos de governo.
E se tiver que votar projetos impopulares ou enfrentar uma crise econômica, abandona o governo na mesma hora.
Lamentavelmente, essas são as impressões que podemos colher sobre o futuro próximo.
Com a alta dos preços quase de forma generalizada e os salários defasados, haverá pressão sobre o governo e sobre o Congresso.
Essa conta, que ainda não chegou, mas está sendo gestada, nós já sabemos quem vai pagar.
Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos
arno@opresente.com.br