Fale com a gente

Arno Kunzler

Quem foi Bruno Reuter

Publicado

em

 

No último domingo (31) faleceu, em Cascavel, onde morava juntamente com a esposa Carmem e os dois filhos e agora também netos, um dos mais importantes homens públicos que Marechal Cândido Rondon conheceu.

Em meio à maior crise da região Oeste do Paraná, que culminou com as desapropriações da Itaipu, a erosão ameaçava levar nossas terras embora e o êxodo rural amedrontava a todos, quando pequenos e grandes produtores da região não resistiram às propostas de compra das suas áreas de terra.

Centenas de famílias tiveram que sair, outras milhares quiseram sair atraídos pelos altos preços das terras, deixando uma grande angústia nos moradores restantes e principalmente nas administrações públicas.

Verno Scherer assumira a Prefeitura de Marechal Cândido Rondon em 1978, na condição de presidente da Câmara, e pouco tempo depois foi nomeado prefeito, como acontecia em todos os municípios fronteiriços e Capitais.

Nesse cenário, em meados de 1979 chegou de volta a Marechal Rondon Bruno Reuter, depois de fazer faculdade de Economia e passar pelo Sebrae.

Filho de família conhecida e criado em Marechal Rondon, Bruno trouxe ideias revolucionárias e que somente deram certo porque tiveram apoio do prefeito Scherer e todo o seu governo.

Os agricultores que haviam vendido suas vacas, seus suínos e as galinhas para destocar até a porta das casas suas terras, de repente viram que plantar trigo e soja não era sustentável.

Mas também não era fácil convencê-los a recomeçar a criação, quando muitos deles sequer um pé de bergamota haviam deixado.

Por isso, para quem acompanhou, e eu tive o privilégio de ser seu colega de trabalho na prefeitura, e convencido por ele, me tornei também um entusiasta da chamada “diversificação agrícola”.

Apenas para lembrar, a Lorenz havia fechado suas portas por falta de mandioca, o frigorífico havia fechado suas portas, a Orgasol fechado e a Copagril passava por momentos delicados.

Bruno Reuter fincou o pé em Marechal Rondon e primeiro foi a Santa Catarina convencer os diretores e fez a Lorenz reabrir, foi a Santana do Livramento (RS) trazer a Swift Armour para reabrir o frigorífico e criou incentivos para os primeiros parques industriais, um e dois.

No embalo da diversificação agrícola vieram Cassava, Fecularia Três Passos, hoje Horizonte, Laticínios de Pato Bragado e mais tarde, quando a região já tinha uma bacia leiteira implantada, veio a Frimesa, em 1990.

Para evitar a erosão que ameaçava nossa produção agrícola, a prefeitura passou a incentivar e articular o setor para construir as Bacias Integradas, que já haviam sido desenvolvidas e cuja experiência era amplamente favorável.

Também criou incentivos para o plantio direto, uma prática inovadora que teve início no município durante o governo de Verno Scherer.

A curta e revolucionária passagem de Bruno Reuter pela Prefeitura de Marechal Cândido Rondon, pouco conhecida nos dias atuais, foi, sem dúvida, a grande responsável pela excepcional produtividade agrícola que a região tem hoje.

A grande frustração de Bruno Reuter talvez tenha sido não ter conseguido convencer nem a Copagril e nem a Cercar para implantar um frigorífico de aves no município.

Quando, ainda recentemente em nossos raros encontros conversávamos sobre Marechal Rondon, Bruno não cansava de lamentar esse fato, principalmente porque depois de três décadas ficou ainda mais latente a importância dos municípios que implantaram frigoríficos de aves naquela época, como Toledo (Sadia) e Cafelândia (Copacol).

Bruno Reuter deixou a Prefeitura de Marechal Rondon em 1985 e durante os anos seguintes foi braço direito do ex-presidente da Coopavel, Salazar Barreiros, onde realizou trabalho semelhante na recuperação daquela cooperativa.

 

Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Revista Amigos da Natureza

arno@opresente.com.br

Continue Lendo

Copyright © 2017 O Presente