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Dom João Carlos Seneme

“Quem não carrega sua cruz e não caminha após mim, não pode ser meu discípulo”

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No Evangelho deste domingo continuamos caminhando com Jesus em direção a Jerusalém. Esta grande viagem revelará o amor do Filho ao Pai e a toda humanidade: “Foi obediente até a morte e morte de cruz”.

O Evangelho indica que uma grande multidão acompanha Jesus, mas nem todos o seguem literalmente. A cruz assusta e intimida por isso Jesus faz um discurso apontando as coordenadas do “caminho do discípulo”: é um caminho em que o “Reino” deve ter a primazia sobre as pessoas que amamos, nossos bens, nossos próprios interesses e esquemas pessoais. Palavras duras que revelam que diante de Jesus as multidões, os discípulos, cada um de nós hoje deve tomar uma decisão e conhecer as facilidades e dificuldades de ser verdadeiro cristão.

Em forma de parábolas, Jesus delineia o caminho do discípulo do Reino: nada nem ninguém pode nos impedir de aderir ao Reino de Deus: laços familiares, bens e inclusive a própria vida! Difícil, não é? Por isso o exemplo da construção da torre que exige cálculos e projetos. Do mesmo, o rei que se põe em batalha. Jesus parece estar dizendo que antes de querer segui-lo, é preciso examinar se se é capaz de ir até as últimas consequências. Ser cristão não se trata de um privilégio, e sim de uma responsabilidade. Não é questão de abandonar família, bens ou a própria vida, mas dar-lhes o devido lugar. Somos frágeis e finitos, a qualquer momento podemos faltar. Diante do momento definitivo somente a bondade de Deus poderá nos socorrer.

Mesmo correndo o risco de ficar sozinho, como realmente ficou no momento de sua morte na cruz, Jesus não ameniza as exigências do verdadeiro discípulo. Ele não está preocupado com números. Nós, ao contrário, às vezes, estamos mais interessados que as estatísticas da paróquia apresentem um grande número de batizados, de casamentos, de crismas, de comunhões, do que propor, com exigência, a radicalidade do Evangelho e dos valores de Jesus.

A leitura do Evangelho deste domingo deve ser vista à luz do que refletimos domingo passado, isto é, a parábola dos convidados ao banquete do Reino: há lugar para todos, de modo especial para aqueles que não poderão retribuir o convite. Outra passagem que nos vem à mente é a do sal que perdeu o sabor: também esta nos fala do discípulo que não compreendeu, que perdeu o fervor e se tornou morno ou insípido e agora caminha sem vontade e vigor.

Podemos concluir esta reflexão com uma oração: “Jesus, estamos um pouco apavorados por aquilo que nos disseste hoje. Nosso espírito está pronto, mas nossa carne é fraca. Nosso espírito sabe que se pedes coisas é porque queres doar-nos outras muito maiores. Sustenta a fraqueza de nossa vontade; inflama nosso desejo por aquelas coisas grandes que reservas para nós. Queremos viver voltados para os bens eternos” (Frei RanieroCantalamessa, ofm).

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