Arno Kunzler
Reajustes chocantes
O presidente Bolsonaro certamente ficou chocado com a proposta de reajuste dos combustíveis apresentada pela Petrobras na semana passada.
Mandou suspender o aumento, e não é por menos.
O presidente sabe que está lidando com caminhoneiros que novamente vivem dias complicados e um aumento de combustível, com a economia em compasso de espera, poderia despertar um novo movimento de greve.
Seria trágico se nesse momento o Brasil parasse novamente.
Seria o fim do governo Bolsonaro e de sua capacidade de implementar uma agenda liberal para a economia.
Seria o fim das reformas propostas e necessárias.
Logo, Bolsonaro agiu de forma coerente, inteligente e prudente ao impedir o aumento dos combustíveis.
Não quer ver os caminhoneiros que o apoiaram revoltados com seu governo.
E certamente sabe que se houver uma paralisação dos caminhoneiros o custo para o Brasil será muito mais elevado do que segurar os preços na Petrobras.
Esse custo é nada diante de uma eventual paralisação dos caminhoneiros e que certamente mais uma vez não iriam voltar ao trabalho sem conseguir o atendimento de sua pauta, ou seja, novos subsídios.
Agora, por outro lado, enquanto o mundo observa com interesse a evolução do projeto econômico liberal no Brasil, fica estarrecido quando vê um presidente da República interferir no preço do combustível a despeito dos indicadores econômicos.
Se isso continuar assim, o presidente determinando os preços para revenda dos combustíveis da Petrobras, vamos regredir e afastar os investimentos estrangeiros que poderiam ser canalizados para tirar o Brasil da estagnação.
Estamos há décadas com crescimento muito baixo, com as empresas segurando os investimentos de longo prazo e isso precisa mudar.
É preciso mudar o humor da economia, primeiro mostrando claramente que temos uma economia de mercado.
Segundo, que temos regras claras e duradouras para quem deseja investir no país.
Terceiro, que temos políticas internacionais que favorecem nossas exportações.
Quarto, que aos poucos vamos nos desvencilhar dessa absurda legislação que dificulta a vida das empresas e dos exportadores.
Quinto, que vamos incentivar todos, mas especialmente os jovens, que desejam empreender nesse país.
Está certo o presidente em segurar os preços dos combustíveis, porém, se continuarmos assim, não vamos construir o novo Brasil.
Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Revista Amigos da Natureza