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Tarcísio Vanderlinde

Recomeçar é preciso

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Desde que me tornei usuário de correio eletrônico na última década do século XX, passei a ter acesso a um boletim de mensagens semanais intitulado “Maná da segunda”. Vinculado a uma entidade inter-religiosa que funciona desde os anos de 1930, o objetivo é aproximar a comunidade empresarial dos ensinos do Evangelho.

Críticos costumam observar que não há grande proximidade entre ensinos evangelísticos e um ambiente onde a competitividade costuma ser o motor das ações. Todavia, um olhar mais apurado pode identificar outras situações. Embora o assunto não tenha grande conexão com minha atividade profissional, durante estes anos continuei acessando as mensagens do maná no intuito de sacar dali algo construtivo para minha vida pessoal e das pessoas do meu convívio.

Por ter estado certo período gestor de uma entidade pública, participei de inúmeros colóquios com empresários, além de ter assistido inúmeras conferências sobre empreendedorismo, cujo teor era quase sempre o de evitar o fracasso. Havia algo naqueles discursos que não combinava com o real curso da vida. Na vida real há fracassos e nem sempre é possível estar “cada vez melhor”, frase que vez por outra ainda costumo ouvir.

Fracasso pode estar associado ao sucesso muito mais do que se costuma imaginar. Muitas pessoas aprenderam isto na prática. Neste caso, fracasso não precisaria ser necessariamente antônimo de sucesso. Fracasso pode ser encarado como uma das certezas da vida. Nem toda semente brota para se tornar uma planta saudável e frutífera. Nem toda decisão é a correta. E nem toda tentativa de experimentar algo diferente – seja uma ousadia empresarial, a vontade de adquirir uma nova habilidade ou mesmo a compra de um novo produto – resulta em sucesso.

O fracasso geralmente é parte do processo necessário para se entender melhor a vida. Thomas Alva Edison fez centenas de tentativas fracassadas para chegar à invenção da lâmpada incandescente, antes de descobrir a forma correta de consegui-la. Neste caso, a palavra-chave foi “persistência”.

No Novo Testamento, Pedro, um dos discípulos mais próximos de Jesus, três vezes O negou. Ainda assim, mais tarde se tornou um dos condutores da Igreja primitiva. E o apóstolo Paulo, que foi transformado da condição de extraviado perseguidor de cristãos, é outra figura central da Igreja do primeiro século e autor de diversas cartas da Bíblia. As Escrituras ensinam que o fracasso não precisa ser um beco sem saída, ao contrário, pode ser um ponto de partida. Começar de novo é preciso.

 

O autor é professor sênior da Unioeste

tarcisiovanderlinde@gmail.com

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