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Arno Kunzler

Reforma possível?

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Será que existe reforma possível ou existe apenas a reforma imprescindível?

A reforma possível é aquela que o Congresso e o governo entendem que podem mexer com todos os direitos, adquiridos ou não, de qualquer classe de trabalhadores, empresários e outros indefesos.

Mas que não pode mexer nos privilégios dos políticos, dos militares, dos graduados servidores do Congresso e do Executivo, do Poder Judiciário, dos Tribunais de Contas, do Ministério Público e outros apadrinhados políticos, os quais, sem eles, os políticos caem em desgraça.

É essa a reforma que FHC fez e aceitou sancionar depois que viu que o Congresso não aprovaria nada diferente.

A mesma ideia convenceu Lula a manter os privilégios e parece que novamente vamos ver a grande maioria das aposentadorias emagrecer, para manter as gordas aposentadorias dos privilegiados.

Não é ser contra aposentadorias maiores, para quem contribuiu e merece recebê-las. É ser contra aposentadorias que estão completamente fora do contexto, para gente que não contribuiu para isso.

O ideal seria que todas as classes trabalhadoras do país, sejam da iniciativa privada, sejam do setor público, tivessem boas aposentadorias.

Mas, infelizmente, isso não é assim. Milhares ganham quase nada para poucos receberem muito. E esse é o problema.

É essa previdência que temos que reformar, que precisamos nos unir para que atinja todas as categorias. Caso contrário, vamos ver o mesmo filme se repetindo. Milhares vão receber cada vez menos para que poucos recebam muito mais do que deveriam receber, pelo tanto que contribuíram.

Enquanto as entidades ligadas à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e ao Partido dos Trabalhadores (PT) vão às ruas protestar contra a Reforma da Previdência, elas estão apoiando exatamente essa previdência desigual e injusta, a que penaliza os milhões de baixos salários para manter os privilégios de poucos (nem PSDB, nem PT e agora nem PMDB têm coragem de mexer).

Se o Brasil inteiro estivesse unido pela reforma talvez fosse mais fácil mexer nesse ninho de intocáveis. Mas, com um Congresso dividido pelas manifestações das ruas e pelos interesses corporativistas, o mais provável que vamos alcançar é aumentar ainda mais o foço entre os brasileiros de primeira linha (aqueles que trabalharam pouco e se aposentaram com muito) dos brasileiros de segunda linha (aqueles que trabalharam muito e se aposentaram com pouco).

Ser contra a reforma dessa previdência é ser contra o Brasil, é ser contra os milhões de brasileiros da iniciativa privada, que quase não se aposentam.

Ser contra a reforma é ser a favor desses privilégios que já estão consumados e os que ainda vão ser consumados, na condição do tal “direito adquirido”, que poderia ser chamado de sacanagem adquirida, de tão escandalosos que são alguns casos.

O Brasil dos brasileiros não é o Brasil dos privilegiados, dos que construíram seu ninho lá no alto para poucos, deixando a grande maioria na miséria, vivendo de migalhas na sua velhice.

Esse é o país que precisamos reformar, ou vamos pagar uma conta impagável por várias gerações.

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