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Arno Kunzler

República em ebulição

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Para quem não acompanha muito ou nem gosta de política, é bom parar um pouco para refletir sobre o que está acontecendo no Brasil.

O ano de 2016 certamente vai ficar na história da República Federativa do Brasil como um dos mais importantes capítulos da nossa história recente.

Se naquele finalzinho de setembro de 1992, véspera das eleições municipais, a cassação de Fernando Collor de Mello foi importante para a democracia, agora neste ano estamos vivenciando algo muito mais importante e não só para a democracia.

Nossas instituições estão literalmente em xeque.

O Brasil viu somente neste ano ser preso um senador da República, líder do governo no Congresso Nacional.

Logo depois viu ser afastada a própria presidente da República por um prazo de 180 dias até ser formalizado seu processo de cassação no Senado Federal, cuja votação está marcada para o mês de agosto próximo.

Agora viu cair o presidente e o vice-presidente da Câmara Federal, terceiro na linha sucessória. Aos trancos e barrancos a Câmara vai reencontrando seu rumo, pós era do PT.

Se ainda falta acontecer muita coisa, e falta, também é certo que muita coisa já aconteceu neste ano.

Se o Congresso e a República estão vivendo esse turbilhão, é bom lembrar que os sete milhões de brasileiros que foram às ruas protestar em 2015 e 2016 não foram em vão. As consequências estão acontecendo.

Claro, é preciso fazer uma ressalva, a inspiração para esse movimento pela ética, pela limpeza política, por um Brasil que pensa e age diferente, tem nome e sobrenome.

Chama-se Sérgio Moro, que deu início a essa indignação que ganhou as ruas do país e provocou reações em todos os níveis da política brasileira.

A eleição de Rodrigo Maia para presidência da Câmara, na madrugada de quinta-feira (14), mostra que o Brasil está mudando.

Não há como negar que o pensamento dos brasileiros em relação à política hoje é bem diferente do que era cinco anos atrás.

Amadurecemos e conseguimos ver melhor o que é bom para o Brasil e o que é bom apenas para alguns brasileiros.

Distinguir isso é fundamental para estabelecer novas regras sustentáveis para o desenvolvimento do país.

Nas próximas semanas, depois de consumado o impeachment, é possível ver se o atual governo veio realmente para promover as mudanças ou se vai se entregar ao comodismo de deixar tudo como está.

Assim como Itamar Franco em sua breve passagem pela Presidência preparou o Brasil para um período de crescimento e grandes conquistas, Michel Temer poderá realizar sua grande obra política: devolver o país ao rumo do crescimento econômico com sustentabilidade.

Para isso precisa ter coragem, inteligência, apoio político e convicção de que o remédio amargo, necessário agora, produzirá efeitos altamente benéficos depois.

Vendo os corruptos caírem um a um, dá um pito de esperança de que vamos vencer a batalha e superar essa crise de governabilidade e, principalmente, de ética na administração pública e na política.

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