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Silvana Nardello Nasihgil

Responsabilidade emocional é fundamental

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Muitas vezes ouço queixas de que o parceiro não faz gentilezas, não faz aquelas coisas básicas que embalam as fantasias, é desligado, desatento, não surpreende nunca, parece distante e não percebe os sinais enviados.

Essa queixa vem muito mais das mulheres que acreditam ser as rainhas das relações, devendo ser servidas e surpreendias com coisas incríveis o tempo todo.

Então, a primeira pergunta que não quer calar (para as mulheres) é: como você tem gerado gentilezas e como você tem buscado surpreender? Quanto tempo você tem esperado o outro agir sem ter tomado uma atitude? Quanto tempo você não dá nada daquilo que você só tem esperado receber?

Outra queixa muito comum: “meu marido não me ‘procura mais’”, ou “ele ‘não me procura’ faz muito tempo”. Não tem como ouvir essa queixa sem pensar: por acaso você está perdida?

Procurar quer dizer o quê? Aquilo que nossas avós e bisavós faziam, esperando o marido usá-las?

Vivemos uma época em que os pares precisam compreender que a reciprocidade é o que vai manter a relação. Não existe nada escrito que um dos parceiros é aquele que deve tomar a iniciativa, doando de si sem que o outro precise se mover.

Nas relações é necessário que exista responsabilidade emocional, isso quando conquistamos alguém e igualmente quando nos deixamos conquistar. Essa responsabilidade se baseia no fato de que relação de pares requer maturidade e comprometimento, incluindo o desejo de fazer o outro feliz, partilhar a vida, criar projetos conjuntos, um ser o par do outro, ouvir, acolher, respeitar, conversar muito sobre tudo, dissipar dúvidas e angústias, buscar cada um compreender as dificuldades do outro, respeitar as diferenças, a família do outro, a história de vida e tudo o que disser respeito à vida de cada um.

Uma relação não pode e não deve se basear em um que doa e outro que recebe; isso não cria cumplicidade, pelo contrário, isso mata o amor.

Essa reflexão é necessária para compreendermos o que estamos fazendo com as nossas relações, quanto estamos dispostos a doar de nós, o quanto viemos delegando ao outro a obrigação de suprir nossas necessidades e nos fazer feliz, o quanto temos doado de nós e o quanto temos buscado dar aquilo que cremos que merecemos receber.

Tem horas que a gente precisa parar para pensar a vida. Quando tudo parece paralisado, é preciso olhar com um olhar mais profundo, buscando respostas com grande possibilidade de descobrir o temos feito para colaborar com a disfunção que a relação está vivendo.

A felicidade entre pares vem do comprometimento, da maturidade com a relação. Além de refletir, ambos precisam buscar conversar. Cada um deve se despir de ideias e sentimentos individuais para pensar como o todo, como um par.

A felicidade tem muito daquilo que cada um está disposto a doar e de como se propõe receber, sem sufocar, cobrar, sem escravizar, respeitando as diferenças, não esperando do outro aquilo que não se está disposto a doar.

 

Silvana Nardello Nasihgil é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

silnn.adv@gmail.com

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