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Silvana Nardello Nasihgil

Responsabilidade emocional

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Na coluna desta semana, trago uma reflexão extremamente verdadeira com um poder incrível de preservar a saúde mental das crianças.

Não dá para esquecer aquela velha máxima: filhos não pediram para nascer!

Quando uma mulher escolhe um parceiro para ter uma relação íntima, por uma hora, um mês ou uma vida, cabe a ela ter consciência que dessa relação pode resultar um bebê. Cabe a ela, num primeiro momento, porque a vida acontecerá no seu ventre; é ela que irá gerar e dela que irá nascer. Num momento seguinte, cabe aos dois a responsabilidade sobre os seus atos, sobre o futuro, quer seja por “acidente” quer seja por um desejo mútuo, de que uma vida não é algo sem importância que se pode simplesmente gerar sem ter ideia da grandeza que isso representa. Um ser humano não é descartável, não se joga fora como se fosse uma coisa sem importância.

Infelizmente, na irresponsabilidade da vida, muita gente usa as relações íntimas para satisfazer seus desejos e, sem qualquer critério, a rotatividade se torna normal, dentro de um normal garantido por anticoncepcionais, pílula do dia seguinte e do aborto.

E assim, a vida humana deixa de ter o valor a ela creditado, dando espaço ao direito de fazer escolhas irresponsáveis de toda a natureza.

Quando uma relação não se perfaz dentro do imaginário dos pais, muitos daqueles que são permitidos nascer podem vir a se tornar moeda de barganha, de ganhos e perdas entre seus pais. Lamentavelmente essas crianças, sem compreender o descompasso vivido, sem terem qualquer culpa, acabam pagando muito caro pela irresponsabilidade e pela insanidade daqueles que têm obrigação de zelar por elas.

Desde os meus tempos de advogada da área de família eu venho presenciando atitudes focadas no egoísmo, egocentrismo e diversos outros tipos de sentimentos negativos que exigem cobranças, vingança, que são debitadas na conta a ser paga pelos pequenos.

Não dá para esquecer que as escolhas dos adultos são responsabilidade deles, que a eles e somente a eles cabe a resolução das confusões que se meteram, pois crianças não entendem de problemas de adultos, crianças não vieram ao mundo por uma escolha delas, e isso precisa ficar bem claro.

Pais que usam os filhos para falar mal um do outro deveriam repensar sobre as suas “bagunças” interiores, avaliarem o mal que estão causando na construção daqueles a que têm obrigação de cuidar, respeitar, dar segurança, acolher e amar.

A responsabilidade emocional é uma exigência primeira; na falta dela o futuro cobrará com juros muito altos daqueles que não se importarem com isso.

 

Silvana Nardello Nasihgil é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

silnn.adv@gmail.com

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