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Arno Kunzler

Resquícios do passado

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Infelizmente os brasileiros não conseguem esquecer os resquícios do passado.

Ao invés de olharmos para frente, discutir soluções para o futuro, preferimos gastar nossa energia olhando o passado.

Parece que vivemos uma disputa para ver quem acertou e quem errou mais, se foram os militares que assumiram em 64 ou o PT que assumiu em 2002.

O passado sempre será de acertos e de erros e se ficarmos construindo narrativas ao gosto de cada um não vamos mudar o passado.

O que podemos mudar é o futuro, e para isso temos que esquecer esse sentimento, esse ranço.

Construímos uma democracia imperfeita e acreditem, nenhuma democracia é perfeita. Isso é fato.

Temos muitas coisas para consertar, muitos equívocos foram sendo incorporados e disso não nos livraremos senão pelo diálogo, através de propostas de conciliação com todos os setores.

Somente conseguiremos equilibrar o orçamento público se colocarmos esse assunto na pauta de modo que cada um possa expor seu ponto de vista.

A administração pública no Brasil gerou desequilíbrios que precisam ser reparados.

E como faremos isso?

Não vamos mudar a Constituição de 88, que gerou grande parte desses desequilíbrios, criticando quem a fez.

Somente olhando para o futuro, com base no que vivemos nos últimos anos, saberemos onde as coisas estão derrapando.

Temos vários gargalos importantes, a começar pela saúde, passando pela educação, pela onerosa administração pública e por um sistema político que não funciona, que não encontra mais identidade com a sociedade.

Como vamos mudar isso?

É simplista demais pensar que ao convocar o Exército para assumir o poder resolveremos os problemas do país.

Também é simplista demais acreditar que um presidente da República seja capaz de mudar isso sozinho, no grito.

O que parece mais razoável é que num regime democrático, no qual os interesses de infinitas partes precisam ser contemplados, se busque soluções consensuais.

Propostas claras que convencem e que têm chance de serem aprovadas e implementadas.

Numa democracia não se governa com pulso forte, mas com argumentos firmes, fortes e convincentes, amparados em números e lógica, com determinação e muita luta.

Caso contrário, a herança deixada pelo passado não sairá do nosso caminho pelos próximos 30 anos.

É hora de agir, é hora de fazer, é hora de deixar o palanque, os protestos e manifestações nas ruas, abrir o diálogo e governar para todos.

É isso que se espera de um governo.

 

Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos

arno@opresente.com.br

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