Fale com a gente

Arno Kunzler

Revelação desastrosa

Publicado

em

O ex-governador Roberto Requião não poderia ter sido mais infeliz ao se referir ao direito de propriedade.

Se Requião já não tinha a simpatia de boa parte dos agricultores por causa de suas inúteis discussões sobre os transgênicos, quando ainda era governador, e por ter transformado o assunto em uma guerra pessoal, agora perdeu mais ainda.

Ao se referir sobre a titulação de propriedades rurais, ele disse que só reconheceria uma escritura de propriedade rural se fosse assinada por Deus…

Ora, em um mundo onde o direito à propriedade é considerado algo muito importante e indiscutível, essa reflexão é tão ruim para Requião como a demarcação de terras produtivas para reservas indígenas, defendida pelos governos do PT num passado recente, e que colocaram nossa região em estado de alerta.

É verdade que vivemos tempos em que se quer discutir e mudar tudo.

Mas o mundo cresceu, as economias expandiram, as pessoas tiveram acesso ao consumo em grande escala, e foi justamente através da democratização política e do inviolável direito à propriedade, seja ela agrícola, urbana, intelectual e até moral.

É possível cobrar dos governos maior atenção aos pobres, é possível criar programas de auxílio-alimentação, vale-gás, ajuda emergencial, linhas de crédito para as pequenas empresas e empreendedores, mas antes de realizar isso é preciso ter uma economia pujante para cobrar impostos.

Sem os impostos dos que produzem não há política de distribuição de renda, nem riqueza para ser distribuída via salários ou participação de resultados.

Essa conta é simples e fácil de fazer.

Os melhores resultados das economias mais importantes do mundo foram obtidos através da liberdade econômica, do incentivo ao empreendedorismo e à chance de obter lucros através de investimentos de risco e determinação de produzir.

As economias que melhor compreendem isso, inclusive culturalmente, valorizam o trabalho pagando os melhores salários e remuneram o capital para que ele seja destinado à produção, mas, principalmente, respeitam a propriedade.

No Brasil e em outros países que perderam o bonde da história, constantemente percebemos o contrário e isso vai além das políticas governamentais, está quase que no DNA dos políticos, de empresários e trabalhadores.

Ainda não descobrimos ou não queremos entender que a melhor forma de distribuição de renda é via pequenas empresas e pagamento de salários, e não vendendo facilidades, prometendo ajuda e auxílio.

Auxílios podem e são necessários, mas jamais serão a solução para diminuir a pobreza da população marginalizada.

Isso só vai acontecer quando as pessoas forem inseridas no mercado de trabalho e tiverem a oportunidade de crescer com o seu trabalho e talento.

Para uma economia crescer e distribuir renda é preciso ter empreendedores e, para ter empreendedores, é preciso ter segurança jurídica e possibilidade de crescimento.

 

Arno Kunzler é jornalista e fundador do Jornal O Presente, da Editora Amigos e da Editora Gralha Azul

arno@opresente.com.br

Continue Lendo

Copyright © 2017 O Presente