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Editorial

Se não dá, não dá

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As férias estão chegando e as praias paranaenses já começam a receber turistas nos próximos dias para a temporada de verão 2021/2022. Gente de várias cidades e de Estados vizinhos vão, mais uma vez, poder se aglomerar na pequena faixa litorânea do Paraná.

Mas, para surpresa de muitos, já estão faltando imóveis para locação. Uma das explicações, dizem especialistas do ramo imobiliário, é que durante o ano passado muitos investidores compraram imóveis nas praias, reduzindo a oferta por aluguel. Esses investidores foram atraídos pela contínua valorização dos imóveis e pela possibilidade de, no ano passado, quando a pandemia estava mais acentuada, se isolar na beira-mar.

Ou seja: tem muita gente querendo ir para as praias. Partindo desse ponto de vista, onde está a crise que tanto se fala?

Em Porto Mendes, os fins de semana estão sendo de muita movimentação. Pessoas querendo sair de casa, fazer um churrasquinho, tomar umas geladas e jogar conversa fora com os amigos. Quem não quer, depois de mais de um ano e meio sem atividades sociais, sem encontros?

Mas, apesar de toda essa movimentação, a crise fez muitas famílias adiarem as viagens de férias, seja nas praias ou aqui próximo mesmo. Se tem muita gente querendo ir para as praias, tem muita gente que sempre foi e desta vez não vai conseguir.

A inflação está corroendo o salário dos brasileiros. O preço da gasolina, que influencia diretamente nas viagens e em tudo que nos rodeia, não para de aumentar. A inflação deve acabar o ano em dois dígitos, índice três vezes maior que a meta central proposta pelo Ministério da Economia do outrora badalado e hoje sumido ministro Paulo Guedes.

O comércio teve mais um mês de vendas baixas. Sem dinheiro, o povo não compra. Sem vender, o comerciante também tem que rever seus planos. Já não era, mas agora definitivamente as viagens de férias não são para todos. E quem tiver o privilégio de viajar, certamente vai com o bolso mais apertado.

E a massa brasileira, composta por assalariados que, em sua maioria, ganham para pagar o aluguel ou a prestação da casa, o mercado e a gasolina, vai mesmo ficar na saudade, se contentar com algo mais caseiro. Mesmo que a vontade de viajar após todo esse tempo “presos” seja imensa, também é imensa a pressão sobre os salários. Se não dá, não dá.

A economia brasileira, assim como as grandes economias do mundo, afundou com a pandemia. As atividades econômicas paradas ou restritas deixaram o Brasil mais pobre. Mas o controle da pandemia, que representaria o retorno de todas as atividades e a retomada econômica, não está saindo do jeito que todos esperavam. Aliás, o Brasil está com uma das piores inflações do mundo entre as grandes nações. E é essa inflação que faz o brasileiro pensar, atualmente, mais no preço do gás de cozinha do que em uma viagem para o litoral.

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