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Silvana Nardello Nasihgil

Ser mãe de menino é…

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Ser mãe de menino é compreender que ele será um homem um dia. Não importa a orientação sexual, ele irá crescer e precisará ser acompanhado, amado, ouvido e compreendido, e será um homem se for ensinado a se amar e se autorrespeitar.

Será ainda mais homem quando puder compreender, com a ajuda materna, que as mulheres fazem a diferença na vida dos homens, que as mulheres são seres fortes e sensíveis ao mesmo tempo, que precisam ser respeitadas nas diferenças e amadas por aquilo que são.

Existe uma dificuldade incrível de muitas mães em ajudar os meninos a conduzirem as suas vidas, em aceitar cada filho com as suas particularidades e a olhá-los além do que se pode ver fisicamente.

Meninos que nascem gays (sim, porque nascem assim!) são pouco aceitos interiormente pelas mães, que, na maioria das vezes, ignoram essa particularidade e sofrem por algo que não tem razão de ser, buscando suas culpas e se auto infringindo sofrimentos descabidos. A grande maioria desses meninos cresce à mercê do acolhimento, são pouco ouvidos e amados com reservas, como forma de protegê-los para que não venham a se assumirem futuramente. Como se fosse uma vergonha, muitas mães escondem dos outros e inclusive de si mesmas, criando para essas crianças uma auto exclusão social desde a mais tenra idade. Esses meninos se perdem na sua identidade e quando adultos sabem pouco de si, entram em uma “caixinha” excludente e começam a fazer parte de uma parcela de pessoa em que o preconceito começa entre os que se consideram iguais. É muito triste quando a sexualidade serve para definir caráter, comportamentos e relacionamentos.

As mães deveriam ter mais cuidado e buscar dentro de si o amor incondicional que nos faz tão especiais.

Meninos heterossexuais são muitas vezes ensinados a se aproximar das meninas desde muito pequenos, dando aos pais uma sensação de orgulho quando apontam “namoradinhas” na escola desde o maternal. Muitas mães esquecem que um homem também tem sensibilidades, tem necessidade de ser amado e acolhido, que sente dor e que pode, sim, chorar. Então, muitas mães esquecem de criar homens e criam machos, pessoas que se tornarão caçadores e abatedores de mulheres sem muitos critérios.

Mães de meninos precisam compreender que estão criando seres humanos e que nas suas diferenças precisam ser amados e respeitados. Precisam crescer livres de preconceitos, serem amados e compreendidos do jeito que são.

Filhos são os presentes mais especiais que Deus nos dá, nos colocando como mães para que amemos incondicionalmente, para que sejamos o porto mais seguro, onde eles encontrem o espaço para ancorar as suas fragilidades, onde poderão se desenvolver e crescer saudáveis física e mentalmente.

O nosso comportamento no acompanhamento dos nossos filhos fará toda a diferença na vida deles. Poderão ser adultos seguros e felizes ou poderão ser seres humanos que para todo o sempre busquem dentro de si saber quem são, pois ficarão lacunas que causarão sofrimentos imensuráveis e totalmente desnecessários.

Amar sem reservas, sem medos absurdos, acolhendo e ouvindo, se importando com detalhes, deixando de lado todos os preconceitos excludentes, olhar cada um com os olhos do coração, e amar… amar e amar… Se assim fizermos, o futuro contará uma história linda de um ser humano que fará a diferença no mundo.

 

Silvana Nardello Nasihgil é psicóloga clínica (CRP – 07/21393)

silnn.adv@gmail.com

 

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