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Editorial

Servir e não servir-se

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Na maior crise da história recente do Brasil, em meio a uma pandemia que tem dilacerado recursos públicos para o sistema de saúde e para socorrer parcela da população, na onda crescente de desemprego e fechamento de milhares de estabelecimentos comerciais e industriais, na incerteza de como será o amanhã, os senadores brasileiros mostraram mais uma vez que não estão nem aí para a nação, nem aí para os cidadãos brasileiros. Para esses senhores, os servidores públicos devem, sim, receber aumentos salariais no próximo ano. A proposta para não conceder aumentos veio do presidente Jair Bolsonaro, mas os empoleirados lá do Congresso decidiram vetar essa demanda.

O senador Oriovisto Guimarães foi o único do Paraná na Casa que votou pela manutenção do veto ao reajuste do funcionalismo público em várias categorias. Alvaro Dias e Flávio Arns e mais 49 conseguiram derrubar o veto no Senado.

É patético, imoral e irresponsável pensar em reajuste de funcionários públicos em meio a esse caos econômico que vive o Brasil. Dinheiro público tem que ter uma finalidade exclusiva: ser usado para o bem público.

Sem desmerecer os funcionários públicos, mas eles já ganham praticamente o dobro do que trabalhadores da mesma área que atuam na iniciativa privada. E o serviço que o Estado entrega, muitas vezes, é de má ou péssima qualidade.

Mas os senadores obviamente não conhecem a realidade do país. Comem e bebem como reis, em pratos de porcelana e talheres com detalhes em ouro, gozam de regalias inimagináveis para a massa brasileira, ganham dezenas de milhares de reais para gastar com assessores, viagens, hotéis de luxo, motoristas particulares. Empilham amigos e aliados em seus gabinetes, distribuem benesses. Se servem do Estado, ao invés de servir ao Estado.

Menos mal que os deputados federais tiveram um pouco mais de bom senso e juízo e mantiveram, na noite de ontem (20), o veto do presidente Bolsonaro.

Como o Senado tinha votado pela derrubada do veto na quarta-feira (19), para que o trecho fosse restaurado era preciso que as duas Casas do Congresso votassem nesse sentido.

Com a manutenção do veto, fica proibido, até o fim do ano que vem, dar aumento salarial para qualquer categoria do serviço público nos âmbitos federal, estadual e municipal.

Mas, voltando aos senadores… A atitude de 51 deles mostra a verdadeira face da maioria dos políticos do Brasil. Pensam em si, em suas reeleições, em seus amigos e aliados, esquecem da massa brasileira e do que o país precisa.

O Brasil vai precisar muito dinheiro nos próximos anos para retomar seu crescimento. Investimentos privados, mas também públicos, são urgentes para o país reemergir do fundo. É preciso sensibilidade.

A pandemia mostrou que o país mal tem UTIs nos hospitais. O governo está ajudando pessoas que ficaram sem renda alguma, sem comida na mesa. Os recursos públicos foram direcionados à saúde, o que significa menos investimentos em outras áreas. As pessoas estão se reinventando em suas casas e seus trabalhos. Muita coisa mudou. Mas nem ela conseguiu mudar a mente de muitos brasileiros, inclusive de muitos políticos.

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