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Arno Kunzler

Sexo e raça…?

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Nos acostumamos a discutir no Brasil a importância do sexo e da raça, na questão da ocupação dos espaços, sejam profissionais ou de representação política da sociedade.

Na última semana esse celeuma empobreceu mais uma vez nosso debate principal.

Embora seja importante que homens e mulheres, brancos e negros se misturem em todos os níveis, conquistem espaços semelhantes e proporcionais, não dá para desviar o foco dos debates que de fato têm importância para todos, sejam brancos, negros, homens ou mulheres.

Talvez o presidente interino Michel Temer, ainda que seja um político experiente, tenha dado margem para esse desvio de discussão, ao não nomear nenhuma mulher e nenhum negro para seu quadro de ministros.

Vai ter que fazê-lo para evitar que essa ausência sirva de combustível para aumentar, com ou sem razão, as críticas contra o governo.

Mas o que importa mesmo para negros, brancos, homens e mulheres é que o governo funcione, que seja um governo para todos, um governo de inclusão, com olhos especialmente para cuidar das crianças, dos idosos e dos deficientes de alguma forma.

O que importa é priorizar questões que podem mudar a vida de todas as pessoas, como saúde pública, segurança, educação, infraestrutura e cuidar da economia.

É mais importante o governo gerar condições de igualdade para os cidadãos do que empregar a igualdade no seu primeiro escalão, de duvidosa eficácia.

Até porque, para empregar a igualdade, ele pode ter que colocar pessoas em lugares onde não considera o ideal.

Talvez no afã de parecer politicamente correto, muitos governantes até nomeiam pessoas para importantes postos sem a devida qualificação para esse cargo especificamente.

Então, o que deveria ocupar nossas mentes e mantê-las abertas é o foco principal sobre as discussões que envolvem um governo.

É fazer um governo funcionar, ser austero com o dinheiro público e competente na elaboração das prioridades.

Dentre as prioridades do governo deve sempre figurar a educação, e através dela é que as pessoas conseguem superar as mazelas produzidas pela pobreza e promover a igualdade.

É com oportunidades de trabalho que o cidadão sai definitivamente das listas que envergonham a Nação, onde milhares de pessoas que poderiam e deveriam ter oportunidades de trabalho e viver às custas do seu trabalho estão vivendo às custas do Estado.

Enquanto olharmos para os problemas com olhar desvirtuado, vamos nos digladiar em discussões que não servem para ajustar o foco do problema principal.

Temos um país com a economia em frangalhos, quase 12 milhões de desempregados, milhares de empresas fechadas ou fechando e vamos nos preocupar com a cor ou o sexo de um ou dois ministros?

A impressão que passa hoje é que se Temer nomear uma ou duas mulheres e nomear um ministro negro o problema do governo estará resolvido, e todos nós sabemos que não é isso.

Isso muda muito pouco e talvez não melhora nada nem para as mulheres e nem para os negros que vivem sem nenhuma esperança neste país.

O que muda de fato é a política que esse governo de homens brancos é capaz de fazer para gerar emprego e renda e consequentemente melhorias para todos.

E isso é que devemos nos preocupar em debater.

Cobrar todos os dias atitudes concretas que despertem as mulheres e os negros a conquistarem seus espaços, e não recebê-los como favor.

Estimular os pobres a sair da pobreza pelo seu trabalho, trabalho digno, não pelo favor do governo que acaba se apoderando dos pobres dependentes como se fossem patrimônio deste ou daquilo partido político.

É essa visão que devemos levar para o debate, que deve nortear nossas discussões e nossas cobranças políticas.

 

 

Jornalista e diretor do Jornal O Presente

arno@opresente.com.br

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