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Elio Migliorança

SINAIS PREOCUPANTES

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Quando as nuvens escurecem no horizonte, sabemos que um temporal se aproxima e cada um procura abrigo seguro para proteger-se dos possíveis estragos da intempérie. Há no horizonte nacional sinais de que dias difíceis se aproximam. O que parecia um avanço se revelou um golpe. O governo divulgou um corte de R$ 50 bilhões no orçamento federal. Os menos atentos podem pensar que o governo vai gastar menos, mas estão enganados. A estrutura do governo está tão inchada, os gastos cresceram tanto que a arrecadação não é suficiente para cobrir as despesas. Apesar de a arrecadação quebrar sucessivos recordes, caso de janeiro passado, significando isso que o governo está “tirando o couro” do contribuinte, os compromissos assumidos no período do deslumbrado Lula estão vencendo e a conta está aí para ser paga. O pior da notícia é que a saúde pública foi o setor que mais perdeu recursos neste corte anunciado. Um dos setores mais sagrados para a população será o mais prejudicado. Outro setor atingido é o das emendas parlamentares. Estas emendas são a esperança de pequenos municípios conseguirem recursos para obras de infraestrutura que o governo devia fazer, mas não faz. Aliás, emendas parlamentares nem deviam existir. Os recursos deviam ser divididos de tal forma que Estados e municípios pudessem atender às necessidades básicas de sua população. Os compromissos a que me referi, assumidos no governo Lula, principalmente a Copa do Mundo e as Olimpíadas, vão nos custar caro e o retorno será pífio. Devíamos estar investindo nas áreas de saúde, educação, segurança e transportes, cujos indicadores nos colocam sempre nos últimos lugares. O que a maioria não sabe é que devemos pagar em 2012 em torno de US$ 140 bilhões de juros da dívida pública. Isso tudo lembrando que houve no governo passado um “rufar de tambores” para anunciar que o governo tinha quitado a dívida externa brasileira.
Enquanto os impostos sobem penalizando cada vez mais o indefeso contribuinte, os governos, na maior cara de pau, aumentam seus gastos com cartões corporativos, os congressistas aumentam seus salários, desvios criminosos não são investigados e assim a carruagem vai andando na esperança de que o povo tenha memória curta, e muitos a têm mesmo, e logo o assunto seja esquecido.
A prova de que estamos numa era de tempestade moral foi o debate promovido ao redor das atribuições do Conselho Nacional de Justiça e o julgamento da lei da “ficha limpa” pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em qualquer país sério, ambas não deviam ser motivo de discussão. Qualquer categoria ou classe que não admite ser fiscalizada já se coloca como suspeita. Quem age corretamente não precisa ter medo de fiscalização. Já a lei da ficha limpa, subscrita por mais de um milhão de brasileiros, o que por si só já devia tê-la validado, precisou passar por uma vitória apertada no STF. Pessoas com as condenações descritas na lei da ficha limpa deviam estar nos presídios e não no Congresso e nos altos postos da república. Parece que a “vergonha na cara” está na UTI, mas o paciente ainda respira e por isso há esperança de um futuro melhor.

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