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Editorial

Só educação e respeito na causa

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Recentemente vários episódios de racismo se espalharam por várias partes do mundo durante partidas de futebol. As histórias lamentáveis, deploráveis, evidenciam um grave problema de educação (ou falta dela) que não é exclusividade deste ou daquele país. Amanhã, 20 de novembro, o Brasil, que tem 54% da população negra ou parda, celebra o Dia da Consciência Negra, uma oportunidade para desencarcerar o tema racismo e promover um debate aberto, legítimo e sem mais delongas.

Que ainda há preconceito, há. Parte da sociedade ainda é racista. Algumas pessoas podem até dizer que não são, pregar discursos de igualdade, mas em seu íntimo escondem o preconceito velado, o racismo velado. Ele faz parte da sociedade brasileira, infelizmente, e isso que se assemelha a uma doença só tem uma solução: educação e respeito.

Pessoas educadas, bem educadas, que verdadeiramente respeitam as outras pessoas, não apenas em palavras, mas em atitudes, tendem a ver o mundo de uma maneira mais plural, tendem a deixar o racismo e outras formas de preconceito de lado, tendem a encarar as pessoas como elas são, independente da classe, cor, opção sexual ou religião. Pessoas educadas e respeitosas buscam valores nas pessoas, evitam julgamentos e são tolerantes.

Nesta edição o Jornal O Presente traz uma reportagem feita com dois negros de Marechal Cândido Rondon e mostra como o racismo pode ser discreto, mas, ao mesmo tempo, um problema avassalador, especialmente para quem sofre. São histórias reais, de racismo real, mas que ficaram no passado e hoje só fortalecem e empoderam aqueles que passaram por isso.

Apesar dos avanços que estão em curso em toda a sociedade mundial, ainda há um longo caminho a percorrer. No Brasil, dados divulgados recentemente mostram que pela primeira vez na história negros e pardos são a maioria nas universidades públicas. O acesso à educação melhorou, mas é preciso ainda mais avanços, como no mercado de trabalho. Negros, assim como as mulheres, ganham menos do que homens brancos que exercem a mesma função. São inúmeros dados que colocam em xeque a tal da meritocracia, mas estão dispostos para que a sociedade possa lutar contra o racismo, a discriminação.

Fato é que ninguém nasce racista. Esse é um defeito que as pessoas adquirem com o tempo no fértil solo onde se semeia a intolerância e a discriminação. É o lado cruel do mundo que torna as pessoas racistas. No lado bom, educação e respeito.

É um debate que precisa estar constantemente em pauta, não apenas hoje ou amanhã. Discutir e combater o racismo e todas as formas de preconceito é um dever de toda a sociedade, é uma responsabilidade que a geração de hoje tem com seus filhos e netos.

Muita coisa melhorou nos últimos anos, mas a civilidade que a sociedade quer atingir ainda vem a conta-gotas. É preciso acelerar o processo de educação das pessoas, incentivar o respeito e mostrar que o melhor da humanidade são as diferenças. Há racismo, há evolução, mas ela precisa ser mais rápida para ser cada vez menos dolorosa.

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