Fale com a gente

Arno Kunzler

Submundo político

Publicado

em

A democracia brasileira está prestes a passar pelo mais duro teste de sobrevivência.

Depois de apear o PT e seus quadrilheiros do poder, de forma pacífica, agora vem um inimigo muito mais perigoso e tentado a fazer coisas que ninguém pode subestimar.

As delações premiadas da Odebrecht estão provocando um movimento político capaz de unir todos os partidos e quase todos os eleitos em Brasília, tamanha é a lista de beneficiários, direta e indiretamente, das doações das empreiteiras que atuaram nos governos do PT, articuladas por um sem número de partidos para servir-se de dinheiro desviado das obras públicas.

A “democracia brasileira” ficou dependente das doações ilegais das empreiteiras. Essa é a mais dura e cruel realidade.

Se forem punidos todos que tiveram vantagens com essas doações, praticamente não sobrarão políticos eleitos e ministros do atual governo.

É uma pena que estejamos diante de um imbróglio desse tamanho, mas também é um momento ímpar para iniciarmos um novo projeto político partidário no país.

O medo é que esses políticos, por serem justamente a grande maioria, podem tentar impedir, de todas as formas, a ação da Polícia Federal, do Ministério Público e do Poder Judiciário.

Ou tentando mudar as leis, ou simplesmente desobedecendo as decisões da Justiça, como já aconteceu no caso do afastamento de Renan Calheiros da presidência do Senado.

Ou então ameaçando outros poderes com propostas que afetam os seus interesses. O que, como já pudemos ver, também funciona, infelizmente.

Esse jogo, se ficar apenas no âmbito político de Brasília, vai dar pizza.

E o pior, a sociedade que foi para as ruas pedir mudanças na política brasileira, que culminou com a saída do PT, agora não está mobilizada.

Por dois motivos, primeiro porque parte deles ainda têm esperança que o atual governo faça as mudanças que precisam ser feitas, algumas inclusive estão em curso.

Segundo porque simplesmente não há, neste momento, um movimento de protesto organizado capaz de causar medo naqueles que estão tentando contra a democracia, contra as leis e agindo a favor dos corruptos.

É natural que os eventualmente envolvidos nos processos de corrupção, que estão antevendo serem os próximos sentenciados pelo juiz Sergio Moro, reajam e façam valer seu poder político para evitar suas próprias prisões, ou as de seus aliados, amigos e confidentes.

É a lei da sobrevivência, ninguém consegue imaginar o que um homem (ou mulher) é capaz de fazer para lutar pela sua liberdade.

Quando está em jogo, a liberdade ou a própria vida, não esperemos pessoas cumpridoras das leis, dos bons costumes e que ajam com espírito público elevado.

Bandidos agem como bandidos e são capazes de tudo quando está em jogo sua própria liberdade.

Se estamos falando que a grande maioria dos políticos estão envolvidos, de forma direta ou indireta, nessa lista de doações, o que podemos esperar do nosso Congresso e principalmente do governo central são tentativas desenfreadas de conter o avanço de qualquer investigação, ou julgamento.

A nossa única esperança é que as instituições como a Polícia Federal, o Ministério Público e Supremo Tribunal Federal estejam acima disso e sejam mais fortes que isso. Caso contrário, essas manobras esdrúxulas, decisões tomadas no submundo político de Brasília, nos porões dos palácios, podem estar ameaçando de morte nossa frágil democracia.

Continue Lendo

Copyright © 2017 O Presente