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Editorial

Tapinha nas costas não custa nada

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Gilmar Mendes. O nome é conhecido, mas o que ele defendeu ontem (21) em um evento em São Paulo é de deixar qualquer brasileiro de cabelo em pé. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi vaiado ao dizer que R$ 3,8 bilhões são insuficientes para bancar as campanhas eleitorais dos partidos políticos. São R$ 3,8 bilhões dos cofres públicos que são despejados nas mãos dos partidos até mesmo em anos não eleitorais. É o fim da picada!

De acordo com os cálculos de Gilmar, ridicularizado por meia dúzia de pessoas, mas, com certeza, com o aval e aplausos de milhões de brasileiros, mostram que os políticos gastaram mais de R$ 5 bilhões na última campanha, além de 30% de caixa dois e verbas não declaradas. Os quase R$ 4 bilhões sairiam dos cofres públicos, mas não incluem as doações de pessoas físicas aos seus candidatos e partidos “preferidos”.

Todo esse dinheiro dá para construir vários estádios iguais ao Maracanã, ou ainda construir milhares de casas, escolas e postos de saúde. Com certeza, o trabalhador, o empresário, o homem do campo e o industrial não querem que toda essa grana vá pelo ralo, em campanhas que sequer oferecem boas alternativas para a governabilidade da nação brasileira. Praticamente sem soar efeito, as campanhas são caras e, na maioria das vezes, excessivas, fraudulentas e desnecessárias. Vale ressaltar ainda o horário eleitoral gratuito de programas na televisão e rádios de todo o Brasil.

Talvez para o excelentíssimo senhor Gilmar Mendes R$ 3,8 bilhões seja pouco dinheiro para a realização de campanhas eleitorais, mas com certeza é uma cifra faraônica para um país que soma déficit atrás de déficit, precisa com extrema urgência reformar as contas públicas, economizando até no papel higiênico, se preciso for. Enquanto retiram benefícios conquistados por trabalhadores, estufam os cofres das siglas partidárias que se multiplicam às dezenas.

Gilmar Mendes é sem dúvida um homem que não deixa a fatura de energia atrasar ou conta os trocados para a compra diária no supermercado. Também não faz parte do seleto grupo de 14 milhões de desempregados, muitos dos quais dependendo da ajuda de amigos e parentes para poder sobreviver. Gilmar Mendes não paga o imposto que maltrata o empresário, não sofre com o aumento da gasolina ou porque o salário-mínimo vai ser reajustado em R$ 10 a menos do que o previsto. Para homens assim, que observam as coisas de cima para baixo, sem sentir na pele as dificuldades financeiras que a maior parte dos brasileiros experimenta, talvez R$ 3,8 bilhões seja mesmo pouco dinheiro.

Mas R$ 3,8 bilhões é muito dinheiro. Não é admissível que os parlamentares brasileiros se apropriem desse recurso para jogar fora em suas asquerosas corridas pelo voto. Não é preciso tanto dinheiro assim para promover campanhas no país. Se os partidos pararem de oferecer vantagens em troca de votos, certamente o valor gasto seria infinitamente menor. Afinal de contas, tapinha nas costas ainda não custa nada.

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