Arno Kunzler
Tarefa do governo
O governador do Paraná, Ratinho Junior, interpretou bem as reivindicações vindas especialmente das regiões Oeste, Sudoeste, Noroeste e Nordeste do Estado.
É onde se produz mais e onde as rodovias pedagiadas oneram mais a produção.
O setor produtivo não quer mais ser explorado por um pedágio caro e sem obras de melhoria.
Esse é o x da questão.
Fomos enganados em série por vários governadores, que fizeram do pedágio seus motes de campanha e ao final ficou a nítida impressão que todos se acertaram com as empreiteiras em troca da permanência dos preços abusivos.
Essa conta o povo e os usuários pagaram durante 20 anos.
E não queremos que isso se repita no Paraná.
O governador compreendeu que as licitações para novas praças de pedágio e as já existentes só podem ocorrer sem prejuízo político primeiro se o processo for transparente, segundo se os preços forem mais baixos e se houver garantia de um pacote de obras de infraestrutura, com as quais sonhamos durante os últimos 20 anos e fomos enganados.
Não vai ser fácil convencer os tecnocratas de Brasília e nem o ministro Tarcísio Freitas, que até agora se mostrou irredutível com qualquer mudança.
Mas tanto o governador como as bancadas paranaenses na Câmara, no Senado e na Assembleia Legislativa não abrem mão de um modelo que privilegia menores preços, com obras.
Se o governo federal cumprir o que o presidente Jair Bolsonaro acordou com o governador, teremos, sim, mudanças no processo e com substanciais vantagens para a nossa região.
Do contrário, se o governo federal não foi convencido e insistir no modelo apresentado com outorga, o Paraná poderá inviabilizar todo o processo já em curso, mediante a não autorização para inclusão das rodovias estaduais.
Com isso, não teríamos pedágio, mas também não teríamos dinheiro para fazer obras, talvez nem a manutenção.
Para os motoristas que conheceram as rodovias do Paraná antes do pedágio fica na memória o pesadelo de podermos voltar ao passado e termos que andar em estradas cheias de buracos e sem sinalização.
Seria um retrocesso sem tamanho e difícil de corrigir.
Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos