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Arno Kunzler

Teatro x hospital

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A comparação acaba se tornando inevitável, à medida que sempre encontramos enormes dificuldades para alocar recursos que atendam a saúde pública de um município.

Por que cargas d’água vamos gastar R$ 15 milhões para construir um teatro municipal, uma obra vistosa e imponente, se, ao mesmo tempo, não conseguimos gastar R$ 2 milhões para construir e equipar minimamente um hospital municipal?

E se tivessem invertidas as prioridades: gastar R$ 15 milhões para construir um belo, imponente e bem equipado hospital, e R$ 2 milhões para um teatro?

Eu, sinceramente, só encontro uma explicação para tamanha inversão de valores.

A única explicação parece ser mesmo a de que a classe C e D não vão a teatro e que classe A e B não costuma frequentar hospital público.

Um médico conceituado da nossa cidade disse um dia que se deputados tivessem que enfrentar as filas do Sistema Único de Saúde (SUS), elas deixariam de existir.

Essa é a lógica perversa das prioridades públicas.

Mas talvez nossa capacidade de interpretação não alcança os meandros do poder onde se estabelecem as prioridades.

E aqueles que se elegem e têm o direito de definir onde e quando investem os recursos sejam influenciados por outras razões e lógicas que não estão ao nosso alcance.

O curioso é que convivemos com isso de forma tão natural.

 

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