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Tarcísio Vanderlinde

Tell-Hum

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Ao passar pelo local em 21 de novembro de 1876, o imperador D. Pedro II anotaria em seu diário: “O chão está cheio de troços de colunas; pedaços de entablamento com baixos-relevos, alguns de desenho curioso e um capitel coríntio. Os beduínos que aí acampam, serviram-se de outros restos para suas casas que parecem bichos. Achava-me no lugar da sinagoga onde Cristo pregou”.

D. Pedro confessa em seu diário ter ficado absorvido em contemplações ao sentir-se naquele lugar. Registrou que trouxe fragmentos das pedras da sinagoga, e que na praia só tinha pedras soltas. O local ficava às margens do mar da Galileia, hoje conhecido pelos peregrinos como a “Cidade de Jesus”, e que está sob os cuidados da Custódia Franciscana da Terra Santa, entidade responsável também por outros lugares de visitação.

O imperador estava certo sobre a localização de Tell-Hum (Colina de Hum) ou Cafarnaum, colina resultante da acumulação provinda da erosão dos materiais depositados pela ocupação humana ao longo do tempo. Contudo, estudos posteriores levantariam dados mais consistentes sobre aquele lugar. As ruínas prováveis de uma sinagoga nos tempos de Jesus foram de fato encontradas, mas foi no subsolo de outra sinagoga mais recente, datada do período bizantino. 

Os arqueólogos descobriram que a estrutura do século I apresentava um chão de basalto de 18 metros de largura por 24 metros de comprimento. Grande demais para ser uma habitação particular. Sabe-se pelos Evangelhos que Cafarnaum foi a sede do ministério de Jesus na Galileia. Neste caso, é quase certo que ele tenha ensinado ali.

Depois de desenterradas, as ruinas da sinagoga bizantina, aquela que foi construída mais tarde sobre os fundamentos da primeira sinagoga, acabou se tornando um cartão de visita obrigatório para quem visita a Galileia.

No sítio arqueológico de Cafarnaum ainda se destaca o local que poderia ter sido a casa de Pedro. As ruínas estão a cerca de 26 metros ao Sul da sinagoga bizantina, tendo na base três camadas de construção. A camada superior foi identificada como as ruínas de uma igreja octogonal do século V; a segunda como uma igreja-lar do século IV; a camada inferior, uma casa simples do século I.

A casa tinha paredes estreitas, muito fracas para suportar um segundo andar, por isso é provável que tivesse uma cobertura de galhos cobertos com terra. Tudo para ter sido o cenário da cura do paralítico que foi baixado pelo telhado por seus amigos, diante de Jesus.

 

O autor é professor da Unioeste

tarcisiovanderlinde@gmail.com

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